Moradores de São Caetano passaram a acumular lixo em casa após a diminuição de carroceiros nas ruas da cidade. A restrição de catadores ocorre desde o início de setembro, quando a Prefeitura determinou a retirada dos catadores que não têm credencial municipal. Desde então, a DTV (Diretoria de Transportes e Vias Públicas) está fiscalizando a atuação dos catadores.

A dona-de-casa Yuriko Uieche, 60 anos, e seu marido, o aposentado Noriô Uieche, 65, são exemplos de moradores que passaram a acumular em casa papelão, garrafas plásticas e latinhas. Eles moram na rua Taipas, no bairro Barcelona, e dizem que os catadores passavam por lá pelo menos uma vez por semana. "Eu e minha mulher entregávamos todo o lixo reciclável para ele. Era muito bom, porque não ficava o lixo em casa e não tínhamos de nos preocupar em transportar para outro local", afirmou o aposentado.

"Acho que a Prefeitura tomou uma decisão equivocada. Já que não há nenhum projeto de coleta seletiva de porta em porta na cidade. A Prefeitura deveria deixar os carroceiros trabalharem normalmente", disse Yuriko.

Os carroceiros se dizem perseguidos pela Guarda Civil Municipal, que apreendem suas carroças sem esclarecimentos. A Prefeitura informa que a fiscalização tem como objetivo organizar a circulação dos catadores de sucata, por meio de um recadastramento, além de coibir o roubo de placas de sinalização e tampas de bueiro realizadas por ladrões infiltrados.

Apesar do cerco aos catadores de sucata, alguns estão se arriscando a circular pelas ruas. "Nesta semana mesmo, passou por aqui um carroceiro que sempre vinha. Mas, dessa vez, ele veio meio escondido e pegou o meu lixo muito rápido", disse a biomédica Maria Regina Paskol, 51 anos, também moradora da rua Taipas.

"Acho que os carroceiros nunca causaram problemas para a cidade. Eles supriam a falta de coleta seletiva de lixo que o município não tem. Esses trabalhadores não podem ser discriminados", afirmou a biomédica.

A Prefeitura informou que pretende reorganizar os carroceiros na cidade. Segundo a administração, existem 400 carroceiros nos 15 km² do município, número considerado alto. A Prefeitura também informou que pretende aplicar com rigor lei criada em 23 de junho de 2003, que trata sobre a circulação de veículos de tração animal carregados por homens em São Caetano.

Essa lei estabelece, entre outras regras, um cadastro obrigatório para que os catadores possam trabalhar. Atualmente, as carroças apreendidas só são liberadas mediante pagamento de uma taxa de R$ 53, com R$ 15 de acréscimo para cada dia de atraso.