Cultura & Lazer Titulo
Príncipe galante
Ana Carolina Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
04/06/2007 | 07:00
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Ele já foi príncipe; hoje é rei da TV Gazeta. Principal atração da grade da emissora, Ronnie Von faz ginástica para equilibrar os compromissos de sua agência de publicidade com o Todo Seu, atração que comanda de segunda à sexta. Aos 62 anos, conquista a todos com elegância e boa educação, que o fazem parar na rua constantemente para atender pessoas de todas as idades. Ronnie recebeu o Diário para um bate-papo antes da gravação do programa da última quarta-feira (dia 30), dia em que o Todo Seu foca temas femininos e alcança sua melhor audiência, quase três pontos medidos pelo Ibope.

Audiência, aliás, é só um detalhe na Gazeta. Ninguém por lá parece preocupado com os números. “A casa não me cobra. Eles cobram qualidade. Tem vezes que a gente dá uma estourada de audiência e não temos um único elogio dos chefes. Se a gente dá um ponto, eles também não falam nada. E não tem esse negócio de minuto a minuto. Esse é o maior câncer da televisão brasileira”, diz o apresentador, que se ressente por ser mais conhecido como cantor, mesmo com os 40 anos de carreira na TV.

Sem muita disponibilidade de tempo, Ronnie Von não participa ativamente da pauta do programa. Geralmente ele chega na emissora com tempo suficiente apenas para passar a pauta com os produtores e se preparar para entrar no ar. Enquanto inteira-se do que vai rolar no dia, uma equipe, não muito grande, trabalha para deixar o estúdio em dia para a gravação – e eles trabalham bastante, pois a Gazeta dispõe de apenas dois estúdios, diariamente divididos pelas atrações da casa.

O mais curioso na gravação do Todo Seu é que ele inicia a transmissão antes mesmo de ser gravado integralmente. “O programa é praticamente ao vivo. Não temos edição. Às 22h, a produção tira o Todo Seu de uma máquina em que está escrito rec e bota numa outra em que está escrito play. Se cai uma coisa ou algo quebra, vai tudo para o ar. Temos na verdade um delay (atraso) de 30 minutos. Por isso ele é todo factual”, explica.

Defasagem de minutos à parte, o fato é que Ronnie Von foi redescoberto e faz grande sucesso. “O que eu quero é que esse programa seja uma espécie de catalisador da família brasileira. Quando eu era pequeno, eu assistia a TV com minha família. Hoje você assiste a um programa e às vezes tem vergonha de estar ao lado do seu pai e da sua mãe. A vida não é só a barbárie que a gente vê o dia inteiro. O lado escuro está aí e eu tento levar o lado claro para o meu programa”, conta.

Grato a tudo que a música lhe trouxe, Ronnie não tem mais tempo e nem vontade de lançar discos e pegar estrada para fazer turnê. Sua paixão é a TV, por isso é crítico da qualidade do conteúdo da programação nacional. “Eu não conheço prestação de serviço televisivo. A visão é simplista, mas o País é paupérrimo e desinformado. Se você é informado, a cultura vem a galope, ela está atrelada. E cultura nunca foi prioridade em nosso País. Mas nós, que trabalhamos com comunicação, temos comprometimento com a cultura nacional e com o social também, pois um país pobre desses, com um ensino de quinta categoria, transforma a televisão na grande escola do povo brasileiro”.

Apreciador da música do século XVIII – “gosto muito do barroco, da música erudita” – Ronnie segue um estilo clássico, “quase secular”. Gosta de se cuidar, está sempre bem vestido e é exemplo de elegância. “O meu negócio é jamais permitir que você ponha a mão numa maçaneta na minha frente, eu não vou dormir se você fizer isso. Eu tenho de fazer. Vou ser gentil e cavalheiro o máximo que puder com uma mulher, vou ser elegante comigo e não com os outros. Perguntei um dia para minha mãe, uma pessoa extremamente elegante: ‘Mãe, o que é ser elegante?’. Pensei que ela ia falar de roupa e ela me disse: ‘Ser elegante é não fazer o seu semelhante sofrer’. Esse é o conceito de elegância que eu tenho”.




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