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Correios vão à Justiça
contra a paralisação
Tauana Marin
Vinicus Gorczeski
01/10/2011 | 07:27
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Depois de sucessivas rodadas de negociação fracassadas entre a ECT e a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares, caberá à Justiça decidir o desfecho da campanha salarial da categoria. Isso porque os trabalhadores não aceitam ter os 13 dias úteis descontados em folha, mesmo que seja abatido um dia por mês, como ofereceu a estatal.

A reunião de conciliação ficou agendada para terça-feira, às 13h. O objetivo, segundo a federação, é buscar um acordo entre as partes. Além disso, na noite de ontem, a ministra do Tribunal Superior do Trabalho, Cristina Peduzzi, negou o pedido de liminar dos Correios para suspender imediatamente a greve.

Os funcionários decidiram em assembleias manter a paralisação, que se estende por 16 dias, se considerado todo o período e não apenas dias úteis. Também não aceitaram a contraproposta da empresa, apresentada na quinta-feira. Nela, a empresa oferecere aumento real de R$ 80, a ser pago em janeiro, além de corrigir a inflação de 6,87%, e abono imediato de R$ 500.

Inicialmente, a ETC havia proposto reajuste de R$ 50 e abono de R$ 800. A categoria pede R$ 200 e ganhos acima da inflação. Buscam ainda piso de R$ 1.635. "O comando considerou que a proposta ainda não contemplava as reivindicações da categoria", avalia o secretário-geral da Fentect, José Rivaldo da Silva.

No Grande ABC, a adesão é de 70% do efetivo de 1.500 funcionários, garante o diretor regional do Sindicato dos Trabalhadores de Correios e Telégrafos da Capital e Grande São Paulo, Anderson Lima de Moraes. Desde o início da greve 8,450 milhões de encomandas não chegaram aos seus destinatários na região. Por dia são enviados 750 mil objetos (entre cartas, telegramas e encomendas). Porém, com a situação, apenas 100 mil chegam aos seus destinos.

PREJUÍZO - Empresas que dependem dos Correios para entregar seus produtos ou receber itens, assim como documentos, amargam prejuízos. O vice-diretor do Ciesp São Caetano, William Pesinato, garantiu que, mesmo que as firmas façam remanejamento de sua logística, todas elas se prejudicam com a greve. Isso porque há documentos que precisam ser enviados rapidamente. E, com o serviço afetado, há necessidade de se contratar motoboys, que cobram seis vezes mais o valor dos Correios por entrega. "Isso se as distâncias percorridas forem curtas. Já para longas distâncias acaba nem se enviando", afirmou.

O dono de uma metalúrgico em Ribeirão Pires, Ernesto Moniz, ainda não sabe mensurar seus prejuízos, que virão no futuro porque, ao invés de empenhar forças em realizar novos negócios, gasta o tempo visitando o centro de triagem de Santo André para retirar encomendas. "Atraso meu negócio, e consequentemente, deixo de receber recursos."

INTERNET - A equipe do Diário comparou o tempo de entrega de produtos em 12 sites de grandes redes varejistas. O prazo para eletrodomésticos, como a lavadora; eletrônicos, como aparelho de DVD; assim como livros varia de dois a cinco dias em média - o mesmo tempo pedido sem greve. Fato que ocorre porque boa parte das companhias dispõe de frotas próprias e outros meios que não dependem exclusivamente da estatal. Caso do Walmart, Magazine Luiza e Fnac, por exemplo. Nessa última, a dependência dos serviços dos Correios é de apenas 10%. A verejista faz entrega inclusive por bicicletas - mas apenas na Capital.

DICAS - A coordenadora do Procon de Diadema, Maria Aparecida Tijiwa, diz que entrar na Justiça reclamando do atraso nas entregas não sensibilizará o Judiciário. Isso porque terão como justificativa a greve dos trabalhadores dos Correios.

Uma liminar obrigando entrega imediata pode ser concedida, porém, nos casos em que o cliente depende do produto para sua saúde, o que não ocorre com bens considerados supérfluos, como TVs, celulares, que demoram em média seis meses para julgas esse tipo de caso. "Mas se a entrega se perder a empresa deve pagar o valor do produto em dobro, pois isso é não cumprimento de oferta", defende Aparecida. As empresas do e-commerce só liberam seus produtos quando há confirmação do pagamento do boleto ou débito no cartão.




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