A passeio pela cidade histórica de Paraty, no Rio, na sexta-feira passada, a advogada Regina Testa, 63, de Campinas (SP), estava extasiada. Ela mal acreditava no que via: a pouquíssimos metros de seu alcance estava, sem seguranças ao lado e sem provocar grande tumulto, ninguém menos que Chico Buarque. Assim como ela, apenas um pequeno grupo de cerca de 20 sortudos – entre eles jornalistas em reportagem de turismo – tiveram a chance de conferir um trecho das gravações do documentário produzido pela produtora RWR, para a série que já resultou em três episódios exibidos na TV e lançados comercialmente em DVD (Meu Caro Amigo, com três volumes, a R$ 130, em média). Nesta terça-feira, a Directv exibirá um novo episódio, a partir das 12h.

As filmagens foram feitas em vários pontos da cidade, mas a principal locação foi a Casa de Cultura de Paraty, onde o cantor, compositor e escritor permaneceu durante horas, gravando para o especial no qual discorrerá sobre seu trabalho feito para o cinema.

Antes de entrar no prédio, Chico gravou uma tomada nos arredores. Primeiro, foi filmado de frente, caminhado em direção à câmera e, depois, de costas, com a câmera acompanhando seus movimentos. Foi difícil conter o pequeno grupo, que disparava os flashes com a proximidade do artista. Regina, mesmo sem máquina fotográfica em mãos, não arredava pé. "Eu o vi de perto, é bonito mesmo". Não teve coragem suficiente para abordá-lo, mas achou simpática a atitude do artista, que já havia atendido duas senhoras na rua. Ele é uma gracinha".

Na volta, Chico deu autógrafos, posou para fotos e deu uma resposta algo nonsense para a reportagem do Diário, que perguntou sobre sua relação com a cidade: "Vim aqui em 1968, fotografar uns tomates que cresciam no telhado da casa onde eu estava", disse. Não soube dar mais detalhes. "Não me lembro exatamente como foi. Sei que vim aqui algumas vezes. Aqui tem muitas cachaças boas e eu bebia bastante. Vinha pelo cheiro (risos)", afirmou, bem humorado.

Nesta terça-feira, a Direct exibe, de duas em duas horas, a partir do meio-dia, o oitavo episódio da série Chico Buarque Especial, A Palavra. A produção mostra imagens de Chico em Lisboa, comentando as diferenças entre a língua portuguesa de lá e a nossa; e em Budapeste, onde ele fala sobre seu livro homônimo, escrito antes mesmo de ele colocar os pés na capital húngara. Tudo isso entremeado por canções do próprio, como Quem Te Viu, Quem Te Vê e Dois Irmãos.

O especial também será exibido na Band. Até 2006 haverá outros três episódios. O próximo será este, gravado em Paraty, sobre sua música para cinema. O seguinte aborda a produção para crianças (o musical Os Saltimbancos, que ele traduziu do original em italiano de Sérgio Bardotti), provavelmente com locações em Roma, e, fechando a tampa, seu início de carreira.