Economia Titulo Com indústria desacelerada
Região contribui para Grande São Paulo perder participação no PIB

Seade indica que peso da Região Metropolitana no volume de riqueza do Estado caiu de 56,4% para 54,3% em 16 anos

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
14/08/2019 | 07:00
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Pixabay


A desaceleração do parque industrial do Grande ABC foi determinante para que houvesse redução no tamanho da Região Metropolitana na participação do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado nos últimos 16 anos. Estudo apresentado ontem pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) indica que o volume do peso econômico da Grande São Paulo caiu de 56,4% em 2002 para 54,3% no ano passado, motivado pelo desempenho da região.

A retração é explicada pela diferença do crescimento médio anual mensurado pelo instituto. A Região Metropolitana ainda é responsável pela maioria de todas as riquezas produzidas no Estado, mas computou taxa de expansão anual média de 1,8% entre 2002 e 2018 – os valores mais recentes são do quarto trimestre do ano passado. A região de Registro e Santos contabilizou alta de 2,7% no indicador e no mesmo período, por exemplo.

“Tal desempenho, bem inferior ao das demais regiões industrializadas, reflete a perda de dinamismo da sua economia, movimento que pode estar associado ao processo de desarticulação do parque industrial da Capital e do Grande ABC e às opções locacionais das empresas em novas áreas de seu entorno – principalmente Sorocaba e Campinas –, que se beneficiaram do processo de expansão da atividade industrial e cresceram em ritmo mais acelerado, cerca de 3% ao ano”, sintetizou a Fundação Seade, em seu estudo. Dados municipalizados não constam no levantamento.

A pesquisa também trouxe recorte mais detalhado por períodos com objetivo de identificar o impacto da crise econômica nacional deflagrada em 2014 nos indicativos do Estado. A Região Metropolitana de São Paulo registrou taxa de crescimento anual média de 4,3% entre 2003 e 2008, percentual que caiu para 2,2% de 2009 a 2013, mas ainda sim com dados positivos. O epicentro da crise fez os números despencarem. Entre 2014 e 2016, houve recuo anual médio de 3%. A recuperação foi percebida somente em 2017 e 2018, quando houve alta média anual de 1,3%.

Em abril, a Fundação Seade publicou o Mapa da Indústria Paulista 2003-2016, que analisou o desempenho do setor no período e apresentou dados municipais. Esse levantamento ajuda a explicar o peso do Grande ABC na redução da participação da Região Metropolitana no PIB estadual.

Em 2003, por exemplo, São Bernardo detinha 5% da participação no denominado VTI (Valor da Transformação Industrial, que mensura o peso da indústria no Estado por meio da diferença entre valor bruto da operação e custos operacionais), ocupando a quarta colocação paulista. Em 2016, o índice caiu para 3%, fazendo o município chegar à sexta colocação no ranking. A mesma retração foi observada em Santo André (oitava posição para 13ª), Mauá (11ª colocação para 12ª) e Diadema (12ª posição para 18ª). São Caetano, que figurava no top 20 – era a 19ª colocada, com 1% de participação no VTI – sequer surgiu no rol mais recente. No geral, o Grande ABC viu regredir sua participação de 11,4% para 7,2%.

“Essas perdas são consequência da reestruturação do setor metalmecânico e da cadeia produtiva automobilística da área metropolitana, assim como da instalação de novas unidades no Interior do Estado”, indicou a Fundação Seade, no estudo.

No levantamento de ontem, a Fundação Seade separou por áreas o desempenho entre o Estado e a Região Metropolitana. Em 16 anos, enquanto a agropecuária paulista cresceu 37,7% no acumulado, a Grande São Paulo observou queda de 52%. Na indústria, o desempenho paulista ficou positivo em 17,3%, porém, o da Região Metropolitana recuou 11,6%. 




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