Depois de passar 24 horas em pé em fila que contou com 15 mil pessoas em busca de emprego, na terça-feira, no Vale do Anhangabaú, na Capital, o cozinheiro Bruno Coutinho, 42 anos, foi contemplado com oportunidade de trabalho pelo chef Melchior Neto, empresário do ramo da gastronomia no Grande ABC. Ele começou ontem nova fase da vida em Santo André, mais precisamente no Restaurante Gema, no bairro Jardim, já que passou a integrar a equipe da cozinha do local.

“Minha vida virou de ponta-cabeça”, destaca Coutinho ao lembrar da ação que mudou os rumos de sua história. Ele acordou cedo na manhã da segunda-feira, saiu da pensão onde mora, no Cambuci, Centro de São Paulo, e chegou ao Vale do Anhangabaú às 9h, um dia antes do início de processo de cadastramento da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da prefeitura de São Paulo em parceria com o Sindicato dos Comerciários para empregar 6.000 pessoas em diversas áreas.

Após passar a noite no Vale do Anhangabaú, protegido por uma coberta, Coutinho conseguiu ser o primeiro a receber a senha de atendimento, já na manhã de terça-feira. “Decidi chegar lá um dia antes para ser um dos primeiros, mas não imaginava que seria o número um”, relata. E a posição na fila fez a diferença para o cozinheiro que estava desempregado havia um ano e meio, apesar de mais de duas décadas de experiência. Ele foi surpreendido por equipe do Bom Dia São Paulo, da Globo, e, durante entrevista ao vivo, destacou sonho de cozinhar para a apresentadora Ana Maria Braga. O pedido ganhou repercussão nas redes sociais e Coutinho foi convidado a participar do programa Melhor da Tarde, da Band, no mesmo dia.

Foi nos estúdios da Band, onde Neto fazia sua participação quinzenal, que os dois se conheceram. Morador de Santo André, ele comanda três estabelecimentos gastronômicos na cidade, sendo o mais recente aberto há uma semana. “Estava precisando de uma pessoa na cozinha do Gema, vi que ele (Coutinho) tinha habilidades e foi o casamento perfeito”, comenta o chef.

Cozinheiro de formação, Coutinho – que morou em Portugal por cinco anos, entre 2003 e 2008 – deixou a cidade natal, Vitória, no Espírito Santo, há quatro meses, em busca de oportunidade de emprego em São Paulo. “Fiz um cursinho de cozinha no Sesi (Serviço Social da Indústria) há mais de 20 anos, mas foi realmente na prática que aprendi”, explica. Para sobreviver durante a fase de ‘perrengue’ realizava trabalhos temporários. “Fazia freela de carga e descarga, cozinha... O que aparecia eu pegava.”

Desde ontem, entretanto, sua atividade passou a ser dentro da cozinha do restaurante andreense. Por conta do trabalho, inclusive, ele já cogita deixar sua residência na Capital e se tornar morador de Santo André. “Agora que consegui um trabalho na minha área, pretendo crescer cada vez mais. Escolhi essa profissão por gostar e meu objetivo é exercê-la cada vez melhor.”