O empresário Antônio José Cressoni, que denuncia desde agosto do ano passado um suposto esquema de fraudes em licitações de obras da Prefeitura de São Caetano, levará hoje ao depoimento à 2ª Vara Criminal da cidade, três pilhas de notas fiscais de compra de material de construção. Segundo o empreiteiro, o montante ultrapassa R$ 4,5 milhões, desde 1995 (gestão do prefeito Antônio José Dall'Anese), quando o suposto esquema foi iniciado, conforme apuração do Ministério Público.

De acordo com o advogado de Cressoni, Daniel Marcos Pastorin, as concorrências vencidas pelo empresário descreviam apenas a execução dos serviços de construção ou de reforma e não a compra do material, que era adquirido pelo empreiteiro. "Era prometido que teria reembolso, o que não ocorria. Apenas vencia outras licitações, porque meu preço era baixo", explica Cressoni.

"Levaremos as provas, mas aguardamos o desfecho da ação para posteriormente entrar com processo para reaver o valor", discorre Pastorin. "A Justiça vai avaliar se Cressoni deu prejuízo ao Poder Executivo ou se a administração gerou perdas a ele", completa o advogado.

Movimentação - Foi grande a movimentação nesta quarta-feira na 2ª Vara Criminal de São Caetano, véspera do interrogatório de 12 acusados pela promotoria de terem participado de irregularidades nos certames da Prefeitura na gestão Dall'Anese.

No início da semana, três acusados conseguiram liminar no Tribunal de Justiça de São Paulo para não participarem das oitivas: o ex-diretor de Obras José Gaino (afastado para se defender das denúncias), o ex-diretor de Serviços Municipais Claudio Demambro e o ex-diretor do DAE (Departamento de Água e Esgoto) Wenceslau Teixeira.

Outras cinco petições estão protocoladas no TJ com o mesmo pedido. Porém, alguns indiciados preferiram comparecer pessoalmente no Fórum da cidade para solicitar a extensão do benefício.

A juíza Milena Dias informou na terça-feira que o processo iria continuar normalmente e que a ausência do depoimento de três acusados não prejudicaria o andamento das investigações.

Entretanto, fontes do Poder Judiciário ressaltaram que há possibilidade de adiamento. A 2ª Vara Criminal não confirmou a informação, frisou que todos os denunciados estarão nesta quinta-feira no Fórum e que qualquer decisão será tomada no momento da audiência, às 13h30.