Nacional Titulo
Rio raciona remédios para renais e transplantados
Por Do Diário do Grande ABC
05/04/1999 | 13:35
Compartilhar notícia


A Secretaria Estadual de Saúde (SES) voltou a racionar medicamentos a doentes renais crônicos e transplantados. Segundo o diretor de Farmácias do estado, Antônio Carlos Moraes, o departamento herdou do governo passado uma dívida de R$ 82 milhoes e os fornecedores cancelaram a entrega dos remédios. Nesta segunda-feira, cerca de 400 pessoas passaram a madrugada na fila, em frente ao posto distribuidor de remédios da Secretaria Estadual de Saúde, no centro do Rio, mas só receberam parte dos medicamentos. Eles prometiam uma manifestaçao em frente à SES, para o fim da tarde.

A situaçao mais grave é dos transplantados que tomam o medicamento Sandimun Neural, para evitar a rejeiçao do novo órgao e que está em falta no estoque da SES. A secretaria oferece em troca a Ciclosporina, que tem princípio ativo semelhante, mas nao é bem absorvido pelo organismo. "Cerca de 80% dos médicos se recusa a fazer a substituiçao e a SES também nao se responsabiliza pelo que pode ocorrer aos pacientes", diz Gilson Nascimento da Silva, representante dos doentes.

A dona de casa Cleusa Lopes de Araújo, de 49 anos, chegou ao posto à meia-noite deste domingo para garantir uma das 200 senhas distribuídas a partir das seis horas da manha. Ela saiu de Realengo, na zona oeste, e terá de voltar em 10 dias: recebeu um terço da quantidade de comprimidos necessários para impedir a rejeiçao de um rim, transplantado em 96. Quem nao recebeu senha, passou a manha em outra fila, aguardando o atendimento.

"Você acredita que o transplante vai acabar com seus pesadelos, mas é só o início de outros", disse a dona-de-casa Maria do Carmo Tavares, de 34 anos, mae de Cleidiane, de 10, que recebeu um rim há quatro meses e está sem remédio desde a semana passada. Os pacientes renais receberam metade das ampolas de Hemax necessárias para conter anemias profundas. "Cada uma custa R$ 100 e nao sei como fazer para tomar todas as ampolas que preciso", disse o aposentado Angelo Trindade, de 63 anos.

Em todo o estado há 950 pessoas transplantadas e 5,6 mil na lista de espera. Segundo o presidente da Associaçao de Renais Crônicos e Transplantados, Júlio Lucena, há cinco anos à espera de um rim, "nao faltam órgaos para transplante, o que falta é estrutura nos hospitais e recursos humanos".




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;