José Duda Costa

(Paranatama, distrito de Garanhuns, PE, 20-7-1934 – Santo André, 2-12-2017)

O Duda que nos deixou no sábado foi um homem bom. O último coordenador do Gipem (Grupo Independente de Pesquisadores da Memória do Grande ABC), função que dividiu com Philadelpho Braz na sucessão de Adriana Andreone e Paschoalino Assumpção – esse time de idealistas era formado por muitos nomes mais. Em nome de todos os outros citamos o de Vangelista Bazani, o Gili.

Mas hoje o nosso destaque é José Duda Costa. Falando ou escrevendo, Duda destilava fina (ou forte) ironia. Um espirituoso. Fazia trocadilhos, como este do título da Memória de hoje – título inspirado em versos de sua autoria e dos quais tanto gostava.

Duda escrevia também com doçura e amor, quando o assunto era história e memória, música e poesia; quando se referia aos amigos do Gipem, todos queridos.

Seguem-se algumas de suas tiradas...

O FLAUTISTA

O choro daquele dia era o que se esperava; era um choro de alegria que todo mundo adorava. E todos ali ouviram, enquanto a flauta tocava. Afinal, todos diziam, era só o que “flautava” (março de 2014).

AMIGA GISELA

Rio abaixo, rio arriba; banhando nossa amizade; tu és a Jeribatiba que já ficou na saudade.

Quase tudo nessa terra, sempre altera a identidade, hoje és Rio Grande da Serra, para dar nome à cidade.

Caminhando com cautela, pra toda modernidade, com nossa Amiga Gisela, doando dignidade (outubro de 1999).

RAMALHO NÃO DESISTIU

Tal qual um pingo de orvalho, não chega a molhar a terra, assim foi João Ramalho, quando subiu nossa serra.

Como chegou? Ninguém sabe. Foi na cheia da maré. Ele foi o grande alcaide. Fundador de Santo André.

SETE CIDADES

Estão lá no Piauí, sete cidades lendárias, nós também temos, sete cidades operárias.

Sete cidades afinal, se misturam na história; sete cidades vão mal, suas fábricas foram embora.

O ANALFABETO

O analfabeto é um vivo morto. Isto mesmo! Não é um morto-vivo. Porque o morto-vivo procura se alfabetizar.

O analfabeto não pensa. Se pensa, não age. Se age, não desfruta da ação na sua totalidade. Porque, sendo analfabeto, jamais pode avaliar o poder ou conteúdo da ação.

Sendo assim, os políticos sempre fazem questão de manipular ideias para manter um percentual razoavelmente alto de analfabetos. Para garantir a mamata. Ou melhor: manter o produto do roubo. Porque quem aceita o voto de um analfabeto não passa de um ladrão.

Vamos alfabetizar a Nação?

‘P’ DE POLÍTICA

Parei para protestar postulando posição. Perguntando para o povo parar para pensar pela preocupação porque permanentemente passou procuração prá péssimos parlamentares poderem perpetuar perniciosa posição pelo poder para o país pobretão.

Pensando pausadamente: permaneceremos parados?

Protesto! Peço porvir. Para o povo progredir partindo pro positivo, pelo povo prestativo possuir a perfeição.

Diário há 30 anos