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Familiares de garoto morto depõem na Corregedoria da PM

Policial suspeito de executar jovem Luan Gabriel prestou esclarecimentos sobre ação

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
11/11/2017 | 07:00
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 Familiares do adolescente Luan Gabriel Nogueira de Souza, 14 anos, morto no domingo durante ação policial no Parque João Ramalho, em Santo André, prestaram ontem depoimento à Corregedoria da Policial Militar, na Capital.

No encontro, que durou mais de quatro horas, parentes do adolescente forneceram esclarecimentos sobre as dificuldades enfrentadas por eles para o reconhecimento do corpo da vítima no dia do crime. “Relatamos o que de fato ocorreu. Ninguém da polícia deixou a gente ter acesso à cena do crime, muito menos reconhecer o corpo do meu irmão, que só foi identificado pela minha mãe quando ela viu o tênis novo dele debaixo do papel alumínio”, explica Lucas Nogueira de Souza, 23 anos, irmão mais velho da vítima.

A Corregedoria da PM, que investiga o abuso de autoridade por parte de agentes da corporação envolvidos na ação e também a possível participação de dois cabos da Polícia Militar na execução do jovem, realizou ainda a coleta do depoimento de mais três adolescentes presentes na cena do crime no momento da ação policial.

No depoimento dos jovens, todos desmentiram a versão dada por policiais militares de que um rapaz, de aparentemente 20 anos, teria atirado contra eles durante perseguição a indivíduos responsáveis por furto de duas motocicletas no pátio municipal de veículos de Santo André.

Segundo eles, minutos antes de Luan ser morto, o cabo Alecio José de Souza, 39 – suspeito de ter dado o disparo que teria matado o jovem –, teria entrado na viela onde estava o jovem já com arma em punho e gritado “perdeu”. Na sequência, o mesmo teria dado três tiros de uma pistola ponto 40 em direção a cerca de dez jovens presentes em uma das vielas do bairro.

O primeiro disparo teria atingido Luan, enquanto outros dois só não acertaram mais jovens presentes no local porque todos conseguiram correr.

No local do crime, segundo a investigação, só foram apreendidos dois cartuchos de uma pistola ponto 40. No momento, só falta o resultado da perícia e do laudo necroscópico de Luan para definir se o projétil que atingiu o garoto era da arma do agente policial.

Em seu depoimento à Corregedoria, o cabo Alecio reconhece que a vítima não estava armada. Ele e seu colega permanecerão afastados, em serviços administrativos, até o término das investigações.

Nos próximos dias, o coordenador da comissão da criança e do adolescente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Ariel de Castro Alves, deve formalizar denúncia sobre o assassinato de Luan, em reunião das entidades de direitos humanos do Estado. “Esse é mais um caso recente e emblemático de violência policial, que cada dia mais tem atingido adolescentes de São Paulo.”

Familiares e amigos programam para amanhã uma homenagem ao jovem morto, às 16h, no local onde ocorreu o crime.

 




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