Cultura & Lazer Titulo Especial
Turma estrelada

Musicais em cartaz na Capital contam
com talentos que saíram aqui da região

Marcela Munhoz
08/10/2017 | 07:00
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Renata Bellini / Divulgação


Cantar, dançar e representar. Um artista de musical precisa exercer – muito bem e no mínimo – essas três habilidades. Antes quando se falava neste tipo de arte o primeiro lugar a que se remetia era a tão endeusada Broadway. Antes. Porque já de um tempo o Brasil, especialmente o eixo São Paulo-Rio de Janeiro, tem dado, literalmente, show com produções completíssimas. Quanto mais musical, maior o número de vagas nos elencos. E muitos desses lugares estão sendo preenchidos por uma geração que nasceu, se formou ou mora aqui na região.

“Realmente o Grande ABC e Brasília já estão sendo considerados polos no quesito”, conta orgulhosa a são-bernardense Renata Ricci, 36 anos. A atriz se formou na Fundação das Artes de São Caetano, faz parte do casting do programa Zorra Total, da Globo, e está se preparando para estrear, na quinta-feira, como Lolita Rodrigues, 88, no musical Hebe, no Procópio Ferreira, em São Paulo.

Renata conquistou o diretor Miguel Falabella logo no primeiro teste. “Ele (o Miguel) tem disso: ‘Quando bate o olho tem um feeling e, geralmente, está certo’”. A atriz conta que está lisonjeada com a oportunidade. “É emocionante, primeiro, pelo carinho que sempre tive pela Hebe (ela foi algumas vezes ao programa da apresentadora, morta em 2012); e, segundo, por fazer a Lolita, amiga da loira desde os 13 anos e que é símbolo na formação da televisão brasileira. Ela, ao lado de outros artistas, construiu essa identidade.”

Junto a Renata – que acredita que a região está formando grandes atores por “um mix de talento individual e boas escolas e cursos” – outros dois nomes de São Bernardo estão na produção: Rodrigo Garcia, 23, como o cantor Agnaldo Rayol, 79; e Fernando Marianno, 28, que faz participação no papel do comediante Golias (1929-2005). “O público vai amar o espetáculo, pois é leve, gostoso. É musical completo e brasileiro”, acredita Garcia. Já Marianno está maravilhado por fazer Golias. “Era um gênio, artista incrível e impossível de se comparar”, diz o ator, que teve contato com Fafy Siqueira, amiga do comediante, para se preparar para o papel mais difícil de sua trajetória. “Tentar se aproximar de alguém que se admira e que foi um mito chega a assustar.”

FORMAÇÃO
Os rapazes do Hebe se apaixonaram pelo teatro musical na adolescência, quando estudaram no Ábaco, no bairro Assunção. “Minha base foi toda neste grupo, foi lá onde aprendi a maioria das coisas que sei hoje”, reforça Garcia. Ele faz parte também da turma número um que se formou na habilitação Técnico de Atuação em Teatro Musical, na Capital. O curso do Sesi é o primeiro na área no País.

Aliás, o Colégio Ábaco, em São Bernardo, a Fundação das Artes, em São Caetano, e a Escola Livre de Teatro, em Santo André, principalmente, são os três lugares do Grande ABC que concentram o maior número de atores formados em cartaz só em musicais hoje em São Paulo. Para citar mais um nome, a protagonista do Hoje é Dia de Maria, Ligia Paula Machado, 29, também estudou na escola são-bernardense.

Rogério Matias, 41, é uma das referências e ‘padrinho’ de vários atores que se formaram no Ábaco. Para ele, ter esse tipo de arte – que “vem abrindo possibilidades e que é mercado em ascensão” – na escola ajuda a criar geração de público para teatro musical. Em cartaz em Rent, Igor Miranda, 35, é um dos professores. “O Grande ABC é celeiro porque conta com instituições que incentivam a arte desde cedo, mas sinto falta de escolas livres voltadas ao gênero”, analisa o ator. Marcos Lanza, 37, de São Bernardo – atualmente em Forever Young –, vai além: “A região poderia investir em produções, não só musicais, mas em espetáculos variados, visto que temos grandes talentos, diretores e companhias independentes. Se isso acontecesse, poderia se tornar polo para investimento de empresas que apoiam a Cultura”.




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