Cena Política Titulo
Alertas sobre obesidade

O Ministério da Saúde considera que quase a metade dos brasileiros (48%) estão acima do peso e destes, 15%

Do Diário do Grande ABC
16/02/2012 | 00:00
Compartilhar notícia


O Ministério da Saúde considera que quase a metade dos brasileiros (48%) estão acima do peso e destes, 15% são obesos. A conclusão tem por base série de pesquisas, a última delas de abril de 2011. Agravante: o número de homens acima do peso passou de 47,2% para 52,1% de 2006 a 2011. Entre as mulheres, o crescimento foi de 38,5% para 44,3%. Principais motivos: alimentação inadequada e sedentarismo.
A obesidade infantil é a mais preocupante. A principal causa é o baixo consumo de alimentos saudáveis, excesso de produtos industrializados e quase nenhuma atividade física. Pesquisas do IBGE mostram que de 1989 para 2009 o sobrepeso mais do que dobrou entre meninos e triplicou entre meninas. Quase 50% dos adolescentes comem fora de casa no dia a dia. Consomem na rua salgadinhos fritos, assados ou industrializados, pizza, refrigerante e batata frita. Aviso dos especialistas: refeição desse tipo e fora de casa costuma ser saturada de gorduras impróprias e excesso de calorias.

Os riscos
O brasileiro consome muitas calorias em alimentos com baixo índice de nutrientes. Cerca de 60% dos brasileiros consomem uma quantidade de açúcar acima da recomendada pelo Ministério da Saúde e 82% excedem o consumo diário de gorduras saturadas. O consumo de alimentos como pizza, salgadinhos industrializados, biscoito recheado, doces e refrigerantes são agentes causadores de doenças. E a propaganda de alimentos influencia o consumo. Alimentos coloridos e biscoitos recheados são fortes apelos para as crianças, diz a nutricionista e pesquisadora do departamento de Ciências Sociais da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz, Rosana Magalhães.

Cardíacos
Levantamento do hospital estadual Dante Pazzanese, referência em cardiologia em São Paulo, aponta que a maioria dos pacientes cardíacos desconhece os tipos de gorduras que fazem bem à saúde. Estudo feito com 600 pacientes em tratamento revela que 67% não têm como hábito de ler e se informar sobre os rótulos dos alimentos. Entre os tipos de gordura que fazem bem, 55% dos pacientes desconsideram a insaturada, considerada indicada para a boa saúde do coração. Outro equívoco comum é em relação às fontes de gordura. A maionese, por exemplo, foi tida como alimento rico em colesterol e gorduras ruins pela maioria dos entrevistados, o que não é verdade. "A maionese possui um perfil nutricional bom porque é fonte de gorduras poli-insaturadas, não contém gordura trans e oferece baixo teor de colesterol", diz o médico Daniel Magnoni, coordenador da pesquisa.

Desconhecimento
Outro alimento apontado erroneamente por 65,5% dos pacientes como fonte de colesterol e por 60% com excesso de gordura ruins é o ketchup. Por ser produzido a base de tomates, não possui gorduras. "A maioria dos pacientes que precisam de uma alimentação adequada porque tratam de pressão alta, diabetes, obesidade e colesterol elevado, não sabe quais são os tipos de gorduras mais saudáveis nem os alimentos que possuem um perfil nutricional adequado", diz Magnoni.

Leis, ora as leis...
A obesidade é um problema de saúde pública. E por isso há programas oficiais que incentivam a prevenção. E leis que tratam do assunto. Não é por falta de legislação que os paulistas, acompanhando a tendência dos brasileiros e da maior parte do planeta, estão cada vez mais obesos. A lei 12.283 , de fevereiro de 2006, por exemplo, instituiu a política de combate à obesidade e ao sobrepeso -- "São Paulo Mais Leve". O autor do projeto, Simão Pedro (PT) argumentou na época que estava havendo um aumento significativo no número de pessoas com esses problemas no mundo todo. As mudanças nos hábitos alimentares são uma das causas. Ele defendeu campanhas de conscientização sobre o assunto.

Academias
O tema é recorrente na Assembleia Legislativa. Há vários projetos que visam a prevenção da obesidade. Uma das ideias é de autoria do então deputado Marco Porta, que determina a instalação de academias de ginástica ao ar livre no estado. A medida visa fornecer à população locais para prática de atividades físicas de forma adequada e com estrutura, resultando em benefícios à saúde e atuando no combate a uma série de doenças. O projeto ainda está em discussão.

Na infância
A obesidade infantil também é alvo de projetos como o apresentado por Alex Manente (PPS), que proíbe a venda de alimentos acompanhados de brindes ou brinquedos no Estado. O parlamentar argumenta que a obesidade infantil é um problema de saúde pública e que o fato do alimento estar acompanhado por brinquedo induz a criança a solicitar o lanche sem que esteja necessariamente com fome. Baleia Rossi (PMDB) propõe algo também nessa linha -- a criação de programa nutricional nas escolas públicas. Seriam contratados nutricionistas para elaborar programas a fim de prevenir e combater a obesidade infantil que, segundo ele, se não for tratada preventivamente, pode se agravar na fase adulta.

Dicas
O Serviço de Nutrição e Dietética do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, de São Paulo, elaborou o programa "Meu prato saudável". O objetivo é prevenir complicações cardiovasculares, diabetes e câncer. O programa exemplifica por meio da imagem de um prato de comida as proporções e nutrientes adequados para cada refeição, utilizando alimentos bastante conhecidos, que fazem parte do dia-a-dia do brasileiro e que compõe a base de suas refeições. Além das dicas sobre saúde e regulação alimentar, o programa traz sugestões de cardápios restritos até 2.000 calorias por dia, bem como receitas práticas de pratos como canelone de berinjela.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;