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Princesa chinesa evoca tempos de nobreza
Do Diário do Grande ABC
13/06/2000 | 12:47
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Com cerca de 90 anos de idade, Aisin Gioro Yunhe, irma ``mais moça' do imperador Pu Yi, que é uma das últimas princesas manchus vivas, adora evocar a época em que vivia na suntuosa residência familiar, situada atrás da Cidade Proibida, o antigo palácio imperial de Pequim.

``Foi o melhor período de minha vida, tinha uma vida fácil, rodeada de serventes. De vez em quando, me deixavam ir ao palácio, onde brincava com meu irmao mais velho', lembra a ancia, que há anos utiliza somente seu nome chinês, Jin Xinru.

Pequena, de saúde precária, a princesa, que passou a ser professora de jardim de infância e depois operária, aceita receber os visitantes em seu pequeno apartamento de Pequim, em que praticamente nao existe nenhum rastro de uma vida agitada ligada à dinastia manchu dos Qing, que reinou na China até o início do século XX.

Ultimo imperador da China, seu irmao Pu Yi foi coroado em 1908, aos 3 anos de idade, e destronado em 1911. Nos anos 30, voltou a ser imperador do Estado títere de Manchuku, criado pelos ocupantes japoneses no Nordeste da China.

Durante toda essa época, a família imperial continuou vivendo luxuosamente, primeiro em Tiankin e depois em Xangxum (Nordeste), enquanto Yunhe fazia longas estadias no estrangeiro: em Londres, onde nasceu sua primeira filha em 1933, ou Japao.

O destino da família deu uma guinada em 1945. Capturado pelo exército soviético e depois condenado como criminoso de guerra pela China em 1950, o ex-imperador Pu Yi viveu trabalhando como simples jardineiro desde sua libertaçao, no início dos anos 60, até sua morte em Pequim em 1967, um ano depois de começar a revoluçao cultural.

``Todas as nossas recordaçoes desapareceram, os guardas vermelhos destruíram ou queimaram tudo, exceçao de alguns álbuns de fotos', conta Jin Xinru, mostrando a última foto da família imperial reunida, posando junto do ex-primeiro-ministro Chou En-Lai, pouco depois da libertaçao de Pu Yi, no início dos anos 60.

Jin prefere apagar de sua memória a revoluçao cultural, quando os guardas vermelhos humilharam seu marido, arquiteto e neto de um preceptor do imperador, obrigando-o a andar descalço.

Aposentada há anos, depois de trabalhar como professora em jardim de infância e como operária em uma fábrica de mosquiteiros, vive de sua pensao, completada por dinheiro que lhe envia regularmente sua filha, pintora que vive em Cantao.

Jin vê cada vez com menor freqüência seus irmaos ainda vivos, duas irmas e um irmao.

Sua pior recordaçao foi a perseguiçao aos membros da família imperial na Manchúria depois de 1945, após a prisao do imperador. ``Tínhamos medo que nos encontrassem. A vida era muito difícil. Minhas filhas tiveram de vender batatas nas ruas para sobreviver', lembra.




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