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Chuva: Sul de MG pode demorar 4 meses para se reerguer
Por Do Diário do Grande ABC
08/01/2000 | 12:51
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Reconstruir o sul de Minas é tarefa que exigirá mais do que verbas. Será preciso tempo para pôr tudo em ordem depois da enchente que atingiu a regiao, a maior dos últimos 30 anos. Em menos de quatro meses nao será possível ver recuperadas as cidades mais prejudicadas pela chuva como Itajubá, Santa Rita do Sapucaí e Sao Lourenço. É o que avalia Otávio Scofano Filho, da coordenaçao da Defesa Civil em Itajubá.

Em cinco dias de chuvas, que começaram logo no primeiro dia do ano, choveu mais do que era esperado para todo o mês de janeiro. Em Sao Lourenço, choveu em menos de uma semana 350 milímetros. O previsto para o mês era 278 milímetros. Quase 82 mil pessoas ficaram desabrigadas no pior dia da enchente.

Nove pessoas morreram em seis cidades da regiao. Os números da destruiçao impressionam: 60 mil imóveis danificados, entre casas, escolas, indústrias e prédios públicos. Sao 27 as rodovias com trechos interditados. Trinta pontes caíram. Estaçoes de tratamento de água operam em condiçoes precárias e houve danos às redes elétrica e telefônica.

Em Itajubá, 80% dos imóveis foram atingidos pela enchente. Quando a água baixou, ontem, sobrou muita lama e lixo. A Secretaria Municipal de Obras nao sabia prever quando a limpeza das ruas ou a distribuiçao de hipoclorito de sódio para a desinfecçao dos imóveis serao concluídas.

Ao relatar os prejuízos de Santa Rita do Sapucaí, o prefeito Jeferson Gonçalves (PFL) chorou. Mais de 75% do município foi atingido. Trinta mil dos 40 mil moradores ficaram desabrigados na cheia, entre eles o próprio prefeito e sua família. Parte das empresas de eletrônica, responsáveis por 50% da arrecadaçao de Santa Rita, ficou sob as águas.

Submersas, grandes empresas de Pouso Alegre pararam e ainda nao sabem quando voltarao a produzir. A Alpargatas e a Wrangler ficaram inundadas. Em Sao Lourenço, cidade turística do Circuito das Aguas, 95% do setor comercial - rede hoteleira, bancária e de serviços - foi arruinada. Em plena temporada, o Parque das Aguas, principal atraçao do lugar, está cheio de lama. Mais de 40% das reservas do mês foram canceladas. O mesmo ocorreu em Caxambu e Lambari.

Recursos - Moradores, comerciantes e os gestores da administraçao pública do sul de Minas mal sabem com que recursos iniciarao a reconstruçao. Por ora, contam com doaçoes que chegam às contas correntes abertas para arrecadar fundos. De oficial, até agora, só há a verba liberada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para as cidades e a linha de crédito para as vítimas da enchente. Mas nem prefeitos nem moradores sabem como fazer para receber o dinheiro logo. Mas já se sabe que a verba da Uniao será insuficiente.

Pelas primeiras estimativas, só para normalizar as rodovias serao gastos R$ 15 milhoes. O governador Itamar Franco (sem partido) ainda nao calculou o prejuízo nem anunciou medidas mas avisou que, se preciso, pedirá ajuda externa.




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