O primeiro crematório do Grande ABC deve iniciar as atividades em junho, de acordo com a direção do Cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo, responsável pelo empreendimento. Com investimento de R$ 2,5 milhões, a construção foi iniciada no mês passado, após aval da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental.

O crematório terá capacidade para cremar dez corpos por dia, com intervalo de uma hora. "Inicialmente será instalado apenas um forno. Se houver demanda, a construção comporta a instalação de um segundo", explica a gerente do cemitério Lídia Bueno. Apenas para levantar o prédio e colocar o sistema de cremação serão aplicados R$ 2 milhões. Outros R$ 500 mil serão aplicados em compra de mobiliário e outros equipamentos.

Segundo Lídia, perto da inauguração será feita pesquisa de mercado, para avaliar o preço praticado por outros crematórios da Região Metropolitana. "Somente após o relatório é que vamos definir o valor cobrado", ressalta.

O Jardim da Colina ainda planeja a expansão do velório, que hoje possui oito salas. Serão construídas outras cinco.

COMPENSAÇÃO

A licença para a construção do crematório foi concedida após o empreendedor apresentar Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental, firmado com a Prefeitura de São Bernardo. Para iniciar as obras era preciso a remoção de 17 árvores e o acordo prevê o plantio de outras 57, dentro do terreno do imóvel.

Tanto os cemitérios convencionais quanto os crematórios necessitam de manutenção contínua para não poluir o meio ambiente, garante a professora do curso de Engenharia Ambiental e Urbana da Universidade Federal do ABC Silvia Passarelli. Segundo ela, ambas as opções trazem problemas ao meio ambiente, desde que não seja realizada a destinação correta dos resíduos.

"No caso dos cemitérios é preciso preparar o solo para que não seja contaminado com o líquido liberado pelo corpo, o necrochorume. Já o crematório precisa de filtros adequados e garantia de destinação correta para as cinzas. Caso sejam obedecidas as normas estabelecidas pela legislação ambiental, que é da década de 1970, não há perigo de contaminação em ambos os casos", explica.

A destinação do cadáver, de acordo com Sílvia, é uma decisão unicamente cultural. "Para algumas religiões, a forma como será conduzida a questão é muito importante. No entanto, se pensarmos no problema de falta de terrenos das cidades, a cremação é uma opção viável, porque não é preciso destinar grandes espaços para os mortos."

Pessoa precisa manifestar vontade em vida 

Para haver a cremação, a pessoa deve manifestar vontade em vida, declarada em cartório. A autorização para cremação, de quem não optou por ela em vida, é concedida por parente de primeiro grau mais próximo e testemunhada por duas pessoas, além da apresentação do atestado de óbito assinado por dois médicos.

No caso de morte violenta, a cremação só ocorrerá mediante autorização judicial. Para isso são necessários atestado assinado por um médico legista, boletim de ocorrência, declaração de um delegado manifestando não se opor à cremação e atestado de óbito assinado por dois médicos.

PREÇOS

A Região Metropolitana possui três crematórios. O da Vila Alpina foi construído em 1974 e é um dos maiores do mundo. O custo da cremação é de R$ 1.100. Despesas com velório, urnas funerárias e transporte do corpo ficam a cargo da família, ao custo médio de R$ 2.000.

O Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, oferece cremação a partir de R$ 2.950. No Crematório Metropolitano Primaveras, em Guarulhos, o valor para cremação, cerimônia e urna de cinzas é de R$ 2.600.