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Igreja da Promessa será fechada por falta alvará
Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
10/08/2006 | 07:50
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A Prefeitura de Santo André anunciou no fim da tarde de ontem que a Igreja Internacional da Promessa será fechada hoje. A organização religiosa não apresentou a tempo o alvará de funcionamento para operar no endereço que estava há dois anos, na rua Carlos de Campos, no Centro da cidade, e recebeu fiscalização após a divulgação pelo Diário de denúncias de estelionato envolvendo o presidente da entidade, o bispo Carlos Roberto de Miranda.

A igreja teve prazo de oito dias, a partir de 1º de agosto, para apresentar o alvará. O prazo se encerrou às 18h de ontem. A igreja não entrou com nenhum pedido de regularização junto à administração municipal. A Prefeitura não informou qual o horário do fechamento do templo.

A direção da igreja foi procurada pela reportagem após a confirmação do fechamento do salão, mas não retornou às ligações.

Duas famílias acusam os dirigentes da entidade religiosa de as induzirem a doar altas quantias em dinheiro em troca de ajuda para combater entidades de religiões espiritualistas, responsabilizadas pelos problemas por membros da igreja.

Em um dos casos, um ex-funcionário da Volkswagem doou R$ 47 mil para a igreja para que um trabalho de umbanda realizado no Nordeste do país fosse desfeito. O dinheiro veio de uma indenização por 18 anos de trabalho na Volks. No outro caso, um casal de aposentados teria perdido R$ 25 mil, a poupança que construíram para a faculdade da neta, tentando impedir que uma suposta entidade sobrenatural causasse uma doença fatal uma parente deles.

Exu-Caveira – Com base nas denúncias, o Diário visitou o templo da Igreja Internacional da Promessa em 27 de julho, e o repórter disse que passava por problemas familiares. Alegou estar em busca de auxílio espiritual. Após fazer uma ‘doação voluntária‘ de R$ 20 para falar com o bispo, o falso sacerdote afirmou que havia um Exu-Caveira causando os problemas fictícios na vida do repórter. Era preciso iniciar um procedimento religioso para espantar tal Exu, mas para isso era necessário encomendar na secretaria da igreja cinco velas do tipo 28 dias, ao preço de R$ 100 cada uma (R$ 500 ao todo). Velas idênticas custam R$ 20 em qualquer mercado.

Após constatar a prática, a reportagem entrou em contato com a Prefeitura para verificar se a entidade estava em dia com a documentação. Além do alvará de funcionamento, a igreja precisaria estar registrada no Departamento de Controle Urbano. A Igreja Internacional da Promessa não tinha registro e nem alvará. Por isso, a Prefeitura afirmou que realizaria a fiscalização – e o fechamento – caso a documentação não fosse regularizada.

Inquérito – Uma das denúncias de estelionato praticadas pela igreja virou inquérito policial na 1ªVara Criminal de Santo André. A família lesada registrou um boletim de ocorrência, após a descoberta do golpe. O processo ainda corre na Justiça, e não há data para o julgamento do bispo Carlos Roberto de Miranda. A pena por estelionato varia de um a seis anos de detenção.



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