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Vigias de banco falharam, diz polícia
Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
06/05/2006 | 08:24
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O delegado do Garra, Paul Verduraz, disse sexta-feira que houve falha dos seguranças da agência do Bradesco que foi assaltada quinta-feira na hora do almoço. Segundo ele, os agentes do banco da avenida Kennedy, na região central de São Bernardo, não confiaram no sistema eletrônico que trava a porta e acreditaram que os assaltantes estavam mesmo com armas verdadeiras. Eles foram rendidos facilmente, e os ladrões portavam revólveres de brinquedo. “Não houve sintonia na ação dos vigilantes. Creio que não confiaram na porta, por isso foram subjugados”, disse o delegado. Verduraz não descartou a hipótese de falha no equipamento eletrônico, já que parte do grupo entrou logo em seguida com armas verdadeiras.

Os ladrões renderam os seguranças, tomaram as armas e fizeram 25 pessoas – clientes e funcionários – reféns. Foi preciso uma hora de negociação até que libertassem as pessoas e se rendessem à polícia.

Procurada pela reportagem do Diário, a Protege, que faz a segurança da agência, não se pronunciou até o fechamento desta edição. O Bradesco informou que não comentaria o caso. Um funcionário do banco, Maurício da Fonseca, teve traumatismo craniano em razão de uma coronhada, continuava internado até sexta-feira à noite.

Até o início da tarde de sexta-feira, os proprietários do Pálio e das duas motos usados na tentativa de assalto não haviam registrado queixa de roubo. “Mandaremos uma equipe aos endereços que levantamos ainda hoje (sexta-feira). Eles terão de se explicar. O trabalho tem de ser complexo. Não podemos deixar passar nada”, disse Verduraz.

Segundo o delegado, as armas apreendidas com o grupo – sete no total, incluindo uma calibre 12 – tinham numeração raspada. Um dos revólveres, calibre 38, tinha o brasão da Polícia Militar. “Mandamos para perícia (identificar a numeração). Assim que sair o resultado, tentaremos chegar aos proprietários dessas armas.”

Colete – O Bradesco e a Protege também não comentaram a queixa do Seevissp (Sindicato dos Empregados em Empresas de Vigilância e Segurança de São Paulo) sobre o fato de os vigias da agência não usarem coletes à prova de bala. A situação, de acordo com o sindicato, é comum também em outras instituições bancárias.

Segundo o sindicato, não há legislação estadual ou federal que obrigue as empresas de segurança a fornecerem tal equipamento. A lei federal 7.102/83 determina apenas que os seguranças de carro-forte usem coletes. Dois dos seis assaltantes que tentaram roubar a agência do Bradesco usavam coletes.

O sindicato dos vigilantes reivindica ao Ministério do Trabalho que insira na NR-6 (norma regulamentadora da legislação trabalhista) o uso de coletes por parte dos vigias dentro das agências. “Assim como em outras profissões é obrigatório o uso de botas, luvas e protetor auricular, o colete também é fundamental para os profissionais da segurança”, disse Carlos Roberto Silveira, assessor de direção do Seevissp.

Segundo Silveira, a questão será discutida na próxima segunda-feira em reunião tripartite (com representantes de funcionários do setor, empresas e governo) no Ministério do Trabalho, em Brasília. “É uma luta antiga. Creio que essa mudança na NR-6 será feita. Se isso acontecer, a minuta com a alteração será enviada para assinatura do ministro (Luiz Marinho). Após a publicação no Diário Oficial da União, passa a valer.”

A polícia divulgou sexta-feira as fotos do grupo que invadiu o banco. O objetivo é fazer com que possíveis vítimas dos assaltantes compareçam à Delegacia Seccional de São Bernardo para prestar queixa. Cinco dos presos tinham passagem por roubo. Um deles tinha saído da cadeia havia dez dias.




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