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RS tem planos de aproveitamento de gás importado
Do Diário do Grande ABC
10/04/1999 | 12:48
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Enfrentando nos últimos meses séria crise de falta de energia elétrica, que obrigou o governo a decretar situaçao de emergência, o Rio Grande do Sul concentra vários projetos de aproveitamento de gás natural importado da Argentina e Bolívia.

Os investimentos em curso, que vao estabelecer a integraçao entre os sócios do Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul) na área de infra-estrutura, devem levar o Rio Grande do Sul a se transformar, nos próximos anos, de importador a exportador de energia para as demais regioes do país.

Atualmente, os gaúchos importam 70% da energia que consomem. A demanda crescente, que bateu o recorde de 3.428 megawatts em 9 de março, vem obrigando a Secretaria de Energia do estado a promover cortes no fornecimento em algumas áreas para evitar o colapso do sistema de abastecimento.

A escassez está estimulando investimentos de grupos privados que atuam no mercado atacadista de gás natural. As grandes reservas da Argentina, que nao encontram mais demanda na regiao de Buenos Aires, começam a ser canalizadas para o mercado brasileiro.

O combustível surge como opçao para abastecer indústrias e também para a construçao de usinas termoelétricas, explica a secretária de Energia, Dilma Rousseff.

Além do gasoduto Brasil-Bolívia - que teve o trecho até Sao Paulo inaugurado e está cruzando o estado de Santa Catarina rumo a Porto Alegre -, um outro gasoduto está projetado na direçao contrária, partindo de Buenos Aires rumo à capital gaúcha.

A primeira etapa está em obras, atravessando o Rio da Prata até Montevidéu, no Uruguai. No dia 22, será assinado um memorando de entendimento para início dos estudos sobre a extensao do chamado Gasoduto del Sur em território brasileiro. As três empresas sócias no projeto sao a Britsh Gás, uma das maiores empresas de gás do mundo, a Pan American Energy, segunda da Argentina em reservas de gás, e a Administraçao Nacional de Combustíveis, Alcool e Portland (Ancap), estatal petroleira uruguaia. O investimento na extensao do gasoduto até Porto Alegre será de R$ 350 milhoes e a obra deverá estar concluída em dois anos.

As empresas obtiveram autorizaçao da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para importar gás argentino e iniciaram estudos de impacto ambiental. "O gás argentino virá para atender a geraçao térmica", afirma a vice-presidente da Pan American Energy no Brasil, Iêda Correia Gomes.

A empresa tem interesse em participar, como acionista, dos projetos de termoelétricas. Também quer disputar o leilao de concessao de uma das áreas de distribuiçao de gás na Regiao norte do estado de Sao Paulo, este ano. "Temos um projeto sério de entrar competitivamente no mercado de gás no Brasil", afirma a executiva da Pan American. Com a garantia de acesso aberto aos gasodutos existentes, a empresa planeja importar gás de outros produtores argentinos e bolivianos futuramente.

O gasoduto Brasil-Bolívia deve ficar pronto em 2000, iniciando a operaçao com 520 mil metros cúbicos diários até chegar a 1,959 milhao metros cúbicos diários no oitavo ano. O Gasoduto del Sur começa com 2 milhoes de metros cúbicos diários.

Dilma afirma que o estado tem potencial para consumir todo o gás que está chegando. O combustível importado da Bolívia vai abastecer as indústrias petroquímicas do Pólo Petroquímico de Triunfo. Haverá mercado também para o uso do gás em indústrias de vidro e cerâmica e nas termoelétricas.

Existem dois outros projetos de gasoduto que devem contribuir com a proposta do governo federal de inserir o gás natural na matriz energética brasileira, e os dois passam pelo Rio Grande do Sul. Já está em obras o gasoduto que levará 2,5 milhoes de metros cúbicos diários de gás para a usina térmica de Uruguaiana, em construçao pela Transportadora Gás del Norte da Argentina (TNG), YPF e Petrobras. O quarto projeto na área de transporte de gás, ainda em estudos, é o Gasoduto do Mercosul, ligando o Norte da Argentina ao Brasil, entrando pelo Paraná ou Santa Catarina, com ramais em direçao ao Rio Grande do Sul e Sao Paulo. "A longo prazo, poderemos inverter o fluxo do gasoduto Brasil-Bolívia, exportando gás para outros estados", afirma a secretária.




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