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BNDES pretende unir Copene e Copesul
Do Diário do Grande ABC
01/04/1999 | 15:35
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A reestruturaçao da indústria petroquímica em discussao no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prevê nao só a saída da Odebrecht da Copene como também a incorporaçao das empresas da segunda geraçao da indústria petroquímica pelas duas maiores centrais de matéria-prima do país: a própria Copene, no pólo de Camaçari, na Bahia, e a Copesul, em Triunfo, no Rio Grande do Sul. A informaçao circula no setor.

Pelo raciocínio, as empresas de cada um dos dois pólos se fundiriam numa só, que uniria a central de matéria-prima local e as indústrias que utilizam seus insumos, a segunda geraçao. No caso do pólo do Rio Grande do Sul, a Ipiranga e a Odebrecht uniriam suas atividades. Com isso, a fabricaçao de produtos atualmente a cargo de empresas como OPP, do grupo Odebrecht, Ipiranga e Copesul seria transferida às diferentes divisoes da administradora única do pólo, diz fonte.

Apesar da mudança, a Ipiranga e a Odebrecht continuarao no comando dos negócios do Sul ao administrar a empresa que controlaria o pólo. O que muda é a estrutura de gastos. "A idéia do BNDES, com a reestruturaçao do setor, é cortar despesas reduzindo o número de empresas", diz uma fonte. "Vai sobrar um monte de executivos desempregados", prevê.

O que nao falta para o BNDES, porém, é motivo para promover o corte de gastos. Afinal, endividamento pesado já é problema crônico do setor. Prova disso está em pesquisa realizada pela Associaçao Brasileira da Indústria Química (Abiquim) no ano passado. As 93 empresas consultadas deviam total de R$ 13,8 bilhoes, quase o dobro da soma do faturamento, de R$ 7,9 bilhoes. Pior: dos débitos, R$ 6,3 bilhoes venciam em menos de um ano.

É justamente por conta das dívidas que a Odebrecht está sendo pressionada pelo BNDES a deixar seus negócios no pólo de Camaçari, onde tem participaçao na Copene, por meio da Trikem, produtora de cloro, soda e PVC e dona de 17% das açoes da Norquisa, controladora da própria Copene. Com a saída da Odebrecht, os negócios da regiao deverao, com o apoio do BNDES, passar ao comando do grupo Ultra, um dos poucos do setor com boa dose de saúde financeira. Ao que tudo indica, o grupo nao só controlará a Copene como comandará a produçao de resinas da regiao, atualmente nas maos de empresas como Trikem e Polialden.

Ainda é uma incógnita, porém, o destino de outras empresas da segunda geraçao do pólo baiano, como a Nitrocarbono, fabricante de matéria-prima para o náilon, e a Propet, produtora de insumos para resina PET da Dow e do grupo Mariani. Outro ponto de interrogaçao está na Conepar - holding dos negócios petroquímicos do antigo Banco Econômico, com 24% de participaçao da Norquisa. Quem ficar com a empresa poderá controlar a Copene, conforme os arranjos acionários.

Nos últimos tempos, a Odebrecht vinha alegando ter prioridade na compra de suas açoes por ter adquirido o direito de preferência para aquisiçao da holding da American Express, sócio do Econômico na empresa. A reivindicaçao, porém, perde sentido se a Odebrecht deixar mesmo Camaçari.




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