Economia Titulo Emprego
Região tem 45 mil demitidos em um ano

Somente em maio, 2.312 postos de trabalho formais foram fechados no Grande ABC, segundo Caged

Por Fabio Munhoz
25/06/2016 | 07:00
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Marina Brandão


As empresas do Grande ABC eliminaram 45,2 mil postos formais de trabalho (com carteira assinada) no período de 12 meses encerrado em maio, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. A indústria foi o segmento que mais demitiu, com 23.663 cortes, seguida pelos setores de serviços (15.159), comércio (4.720) e construção civil (1.682). A única área que registrou saldo positivo foi a agricultura, com irrisórias quatro contratações.

No acumulado entre janeiro e maio, foram 14,6 mil postos fechados. Do total de desligamentos, a maioria ocorreu em São Bernardo (6.313), seguida por Santo André (3.977), Diadema (2.589), São Caetano (884), Ribeirão Pires (483) e Mauá (409). A situação só foi diferente em Rio Grande da Serra, onde foram contabilizadas 51 admissões a mais do que demissões.

Considerando somente os resultados de maio, o saldo de geração de empregos no Grande ABC foi de -2.312. Foi a 18ª vez seguida em que o número de demissões superou o de admissões. Levando em conta o período de um ano, a região registra mais cortes do que contratações há 26 meses consecutivos. A última vez que o balanço de 12 meses ficou positivo foi em março de 2014.

Apesar de o Grande ABC já estar sofrendo há tanto tempo com o desemprego, o economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, avalia que os cortes deverão continuar pelos próximos meses, ainda que em ritmo mais lento, pelo menos até o fim do ano. “Isso tudo é reflexo do processo recessivo pelo qual o País vem passando. Na região, cuja atividade industrial é muito forte, os efeitos são ainda mais nocivos”, explica.

Isso ocorre porque diversos indicadores inibem o consumo, o que, consequentemente, reduz a demanda do setor produtivo. Entre eles está a manutenção dos juros em patamares elevados – a taxa básica (Selic) está em 14,25% desde julho. A restrição ao crédito também faz com que a população tenha menos condições de adquirir produtos de maior valor, como veículos e imóveis, por exemplo.

Balistiero salienta ainda que a confirmação de que o Reino Unido irá deixar a União Europeia tende a atrasar ainda mais o reaquecimento da economia brasileira, já que aumenta a insegurança dos investidores internacionais, que, segundo ele, passarão a concentrar ainda mais os recursos nas economias mais sólidas, evitando países emergentes. Além disso, a modificação do bloco europeu pode provocar flutuações intensas nos preços das commodities.

No País, 448 mil pessoas foram dispensadas desde janeiro

Apesar dos indícios de retomada da confiança por parte de empresários, o mercado de trabalho expulsou 72.615 pessoas em maio, segundo dados do Caged. Foi o 14º mês seguido de cortes em postos com carteira assinada. Com mais um desempenho negativo, a economia brasileira registra o fechamento de 448,1 mil vagas nos cinco primeiros meses do ano, o pior resultado desde que esse indicador acumulado passou a ser contabilizado, em 2002. Em 12 meses, o saldo é de 1,781 milhão de vagas formais a menos no País.

O segmento de serviços foi o que mais fechou postos em maio, com extinção de 36.960 vagas, seguido do comércio, que cortou 28.885 postos. Também demitiram construção civil (28 740), indústria de transformação (21.162), extrativa mineral (1.195) e serviços industriais de utilidade pública (181).(do Estadão Conteúdo)




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