Com exceçao da catarata -quando o cristalino se torna opaco-, as razoes dos problemas de visao como a diminuiçao da acuidade visual, da percepçao de contrastes, de movimentos e das variaçoes da intensidade luminosa, que acompanham a velhice ainda nao estao totalmente claras. A equipe do Dr. Audie Leventhal, do departamento de neurobiologia da Universidade de Utah, sugere que uma degradaçao da zona visual do córtex cerebral, uma zona especializada do cérebro, pode ser a causa dos problemas.

Os pesquisadores estudaram quatro macacos de idade avançada entre 28 e 30 anos, sem anomalias aparentes na visao, e mediram as reaçoes deles no córtex visual. As respostas foram comparadas às de quatro macacos jovens. Descobriu-se que, nos macacos idosos, os neurônios encarregados de avaliar a orientaçao e a direçao sao menos especializados do que nos macacos jovens.

Ao monitorar a atividade de alguns neurônios, os pesquisadores constataram que os dos macacos jovens respondiam especificamente a um estímulo preciso, por exemplo, a uma linha vertical. Nos macacos velhos, os neurônios que reagem à mesma linha vertical também sao estimulados por linhas em outras direçoes. Quando esse neurônio específico é acionado, os cérebros dos macacos jovens sabem que vêm uma linha vertical. Os cérebros dos macacos mais idosos nao têm tanta certeza porque o neurônio pode estar sendo estimulado por linhas em outras direçoes.

A hipótese levantada pelos pesquisadores é a de que com a idade diminuem os circuitos cerebrais seletivos (circuitos de inibiçao), que ajudam o cérebro a responder com precisao aos estímulos visuais. A visao dos macacos é muito parecida com a dos humanos, e os autores acreditam que processos semelhantes expliquem os problemas de visao nas pessoas idosas.