No momento em que a proliferação do mosquito Aedes aegypti mais assusta a população brasileira, o Instituto Adolfo Lutz, ligado ao governo estadual, sofre com a falta de kits utilizados para identificar pacientes com dengue. Com isso, centenas de enfermos do Grande ABC aguardam sem saber se estão ou não contaminados pelo vírus. Assim, diagnóstico, tratamento e combate a novos casos ficam comprometidos nas sete cidades, o que causa imenso temor na sociedade.

Não é para menos. A região está vivenciando aumento significativo no número de infectados. No ano passado, o crescimento em relação a 2014 atingiu o patamar de 558%. E 2016 também começou com prognósticos nada bons. O último boletim divulgado pelo Consórcio Intermunicipal mostrou que, até o dia 27 de fevereiro, o Grande ABC contabilizou 2.910 pacientes com suspeita de dengue, 14,4% a mais do que no mesmo período do ano passado.

A insegurança é maior quando há demora no diagnóstico. Nada tranquiliza mais o paciente que saber o que se tem para, então, começar rapidamente a combater o mal com a terapia adequada. Na medicina, a cura está diretamente relacionada ao tempo que se demora para identificar do que se sofre. E a história não é diferente com dengue, zika e chikungunya, as três doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, que encontra ambiente favorável para se procriar nas sete cidades.

Como acontece em grande parte das vezes em que a população está sendo prejudicada, as autoridades sanitárias federais e estaduais apelam para o jogo de empurra também neste caso de falta de testes para identificar a dengue. O Adolfo Lutz acusa Brasília por enviar kits em número muito inferior ao necessário – algo em torno de 7% dos 3.000 solicitados desde outubro. Já o Ministério da Saúde garante que a quantidade repassava é suficiente para dar conta da demanda paulista.

Em meio à troca de acusações, a população do Grande ABC, e a do Estado como um todo, vê o mosquito Aedes aegypti ganhar mais um round dessa luta que parece longe do fim.