O estilista italiano Stefano Gabbana, fundador ao lado de Domenico Dolce de uma das marcas mais famosas da moda italiana, acusou a Igreja católica de ser a responsável pelos "enormes atrasos" do país ao se opor a direitos como a legalização dos casais de fato.
"A Igreja mantém sob controle os políticos italianos, que temem perder os votos dos católicos. Em outros países, a pressão tem sido menos forte. Mas é aqui que vive o Papa, a hierarquia da Igreja", lamentou Gabbana, 44 anos.
"A cada dia a Igreja se pronuncia contra aqueles que questionam o conceito tradicional de família", afirmou o estilista. "A família de fato deve ser protegida também", destacou Gabbana, que se diz católico. "Não entendo a luta da Igreja contra o amor", acrescentou.
Dolce e Gabbana foram um casal por quase vinte anos e se separaram recentemente, embora continuem trabalhando juntos.
As críticas na Itália contra a severa posição da Igreja se multiplicaram nos últimos dias, pois o governo de centro esquerda apresentará nesta semana um projeto de lei para o reconhecimento jurídico dos casais de fato, tanto homossexuais quanto heterossexuais.
O tema da legalização dos "casais de fato" gera controvérsias no país, dividindo inclusive a coalizão de esquerda no poder. Setores progressistas e de esquerda, como os Verdes e os Comunistas, pressionam pela adoção da lei, enquanto os católicos da aliança querem evitar qualquer confronto com a hierarquia da Igreja, defensora do casamento tradicional.
Para obter consenso, o governo de Romano Prodi aparentemente vai apresentar um projeto muito comedido, que não se inspira nas leis francesa e espanhola e que tende a reconhecer os direitos das pessoas, mais que os dos casais.
O ministro da Justiça, Clemente Mastella, um democrata-cristão, anunciou que votará contra o projeto, gerando mal-estar dentro da coalizão.
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