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Lojista condena estacionamento pago
Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
25/02/2005 | 14:03
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A decisão do Mauá Plaza Shopping, em Mauá, de cobrar pelo uso do estacionamento a partir do dia 1º de março alterou as projeções de crescimento dos lojistas, que estão bastante preocupados – esperavam atingir em 2005 ocupação máxima das 220 lojas e registrar aumento de até 30% no fluxo de pessoas. Com a medida, eles prevêem queda imediata de 20% no faturamento e temem que a decisão freie o crescimento do conjunto, inaugurado há menos de três anos. A administração, no entanto, diz que não enxerga uma possível retração no movimento, mas aposta em ganho de espaço em resultado da queda do uso indevido da área.

O shopping era o único entre os principais do Grande ABC que ainda não havia adotado sistema de cobrança. Segundo pesquisa do Instituto Brasmarket, o Mauá Plaza está em quarto lugar na preferência do consumidor no ranking de shoppings da região, atrás do ABC Plaza e do Shopping ABC, de Santo André, e do Metrópole, de São Bernardo. Entretanto, o Mauá Plaza é o preferido dos consumidores do município.

De início, o cliente terá de desembolsar R$ 3 pelo uso do estacionamento durante as seis primeiras horas. O valor é o mesmo praticado pelo tempo mínimo de seus principais concorrentes do Grande ABC. O complexo possui 2,7 mil vagas numa área de 90 mil m² e recebe cerca de 6 mil carros diariamente. A empresa que irá explorar o serviço é a Litoral Park, de propriedade dos controladores do shopping.

Para Júlio Cezar Thomaz Benitez, gerente da loja de confecções Conexão, o impacto da queda na visitação será imediata. “Aqueles que vinham de Santo André, São Bernardo e zona leste de São Paulo atraídos pelo estacionamento gratuito deixarão de vir. Os preços aqui serão os mesmos dos shoppings de lá, que são geralmente muito maiores e possuem mais lojas”, diz.

Enfraquecimento – A queda no movimento, no entanto, não faz parte somente de projeções futuras. De acordo com Fernando Ferreira Gomes, gerente da Rostead Potato, loja franqueada especializada em batatas recheadas, a retração das vendas já é uma realidade. Isso porque as cancelas eletrônicas e as cabines de cobrança estão há uma semana em funcionamento simbólico, a fim de “preparar” os clientes para o novo sistema. “Não tenho dúvidas de que minha produção vai cair pelo menos 20%. Nessa semana, desde que as cancelas foram instaladas, minha média de venda diária caiu de 1,2 mil para 800 batatas por dia”, contabiliza.

Segundo Gomes, levantamento realizado por uma comissão de lojistas do Mauá Plaza detectou em outros shoppings que houve redução no fluxo de pessoas em conjuntos que decidiram cobrar pelo uso do estacionamento é de cerca de 30%. “O Shopping Jardim Sul, em São Paulo, tomou essa mesma decisão e o movimento caiu. Acho que o mesmo vai acontecer aqui”, diz.

Além de temer pelo futuro das lojas do shopping, a gerente da American Shoes, Maria Cordeiro, reclama da decisão de limitar a utilização do estacionamento a duas vagas por loja. “Temos mais de 15 funcionários e, agora, eles não terão onde guardar o carro, a não ser que paguem por um particular fora daqui. Afinal, pagar R$ 8 por dia é inviável.”

Justificativa – O gerente geral do Mauá Plaza, Fernando Rodriguez, rebate as críticas e afirma que a cobrança irá democratizar o uso do espaço, já que os consumidores do shopping não mais precisarão “caçar” vagas no estacionamento. “Aqueles ‘fiéis clientes‘ que deixavam seus carros lá dentro por mais de dez horas por dia, serão obrigados a repartir as vagas com os que visitam o shopping para gastar.”

Rodriguez destaca que a cobrança trará benefícios aos frequentadores do Mauá Plaza e aos lojistas. Serão gerados 50 novos empregos. “É um mal necessário, mas não vai atrapalhar.”



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