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Cresce no ABC espaço para público 'alternativo'
Por Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
07/04/2001 | 14:46
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Uma cena underground se desenha com força crescente no Grande ABC. Tendências alternativas de comportamento encontram novos espaços para manifestações contra fenômenos como Tigrão, Tchan e companhia e contra as desigualdades sociais e econômicas. O som de algumas bandas cataliza o encontro entre punks, góticos e roqueiros. Isso sem contar as mensagens tatuadas e os tipos alternativos que, avessos ao confronto entre tribos do passado, preferem cultivar um ideal que os harmoniza. Já as casas noturnas da região, cada vez mais dão preferência para o chamado som alternativo, que reúne um público saturado de pagode e do modismo do funk.

Reinaugurado há duas semanas, o Front 575 (tel.: 4427-9291) existe desde 1988 no mesmo endereço em Santo André. Já passou por outros nomes, donos e tendências, mas desta vez o espaço aposta exclusivamente no estilo alternativo que marcou a preferência dos antigos freqüentadores. Na Alternative Night, as noites de sábado são dedicadas a quem curte bandas européias dos anos 80 e 90. A arquitetura e a decoração não evocam nada de diferente em relação a outras casas noturnas. O alternativo está na atitude dos freqüentadores e na programação musical da pista: Bauhaus, Smiths, The Cure, Blur, Suede, Björk, Sisters e outros.

Fora de moda – Ser alternativo é ter um visual diferente, é ter opinião independente e curtir um som fora dos modismos. Para a psicóloga andreense Patrícia Ramacciotti, 26 anos, as pessoas que têm coragem de assumir um visual alternativo transcendem a si próprias, sem agredir ninguém fisicamente.

“Enquanto cada um existir de um jeito diferente, a noite ficará mais interessante”, diz. Além de psicóloga, Patrícia tem um ateliê em Santo André onde confecciona, para o público alternativo, roupas que não estão no mercado. Seu visual gótico foi inspirado em idas ao antigo Front. “A primeira vez que saí à noite tinha 14 anos. Fui ao Front e, então, adotei o visual”, lembra.

Outro palco underground da região é o Volkana (tel.: 4352-6244) , em São Bernardo. Há um ano a choperia se dividia entre pagode, axé music e rock. Desde o início deste ano, a casa só traz bandas de rock da região, com som próprio ou cover. “O público é muito melhor, tem menos malandragem e é mais comportado. São pessoas que vêm só para curtir”, conta Thadeu Silveira Ferreira, 33 anos, um dos proprietários. E o estilo vai do normal até o underground.

Quando o som é hardcore, por exemplo, atrai punks que repudiam a opressão capitalista de ricos sobre pobres. “Queríamos ver um mundo de igualdade, sem discriminação. Seríamos ricos de felicidade, paz e amor”, diz Flávia Morari, 16 anos, que também curte outro som além do pesado hardcore. Contra a vontade, ela falou ao Diário. É que como os demais que estavam na casa, ela afirma não gostar “da mídia capitalista que deturpa o ideal punk anarquista”. Enquanto isso, a ferveção alternativa continua.




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