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Filho de Pinochet nega acusações de narcotráfico
Por Da AFP
10/07/2006 | 17:04
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O filho caçula do ex-ditador chileno Augusto Pinochet negou nesta segunda-feira as acusações de narcotráfico contra ele e seu pai feitas pelo ex-chefe dos serviços secretos do regime militar, Manuel Contreras, e advertiu que irá processá-lo por injúria.

Em um interrogatório judicial que vazou no domingo para a imprensa, Contreras acusou o general Pinochet de comandar ao lado do mais novo de seus cinco filhos uma rede de produção e tráfico de cocaína, que estaria na origem da fortuna que manteve oculta no exterior.

"Contreras é um mentiroso, um canalha, que se apóia em mentiras para dizer coisas", disse Marco Antonio Pinochet Hiriart, ao rebater a denúncia.

"Este indivíduo está mentindo. Para mim esta pessoa está doente de maldade", acrescentou o filho de Pinochet, adiantando que na terça-feira instaurará uma queixa por injúria e calúnia contra o ex-chefe dos serviços secretos .

Contreras foi um dos colaboradores mais próximos de Pinochet e comandou em seus primeiros anos a temida Direção de Inteligência Nacional (Dina), acusada de ser a principal responsável pelas violações dos direitos humanos atribuídas à ditadura que deixou mais de 3.000 vítimas.

Nos últimos anos, o fundador da Dina se distanciou de Pinochet após ser acusado de responsabilidade pelos crimes da ditadura (1973-1990).

Desde janeiro de 2005, Contreras está detido em uma prisão especial, cumprindo uma série de condenações por crimes e assassinatos atribuídos à Dina.

Contreras havia dito em um interrogatório judicial que Pinochet organizou uma rede de fabricação e venda de drogas que lhe valeu dividendos milionários com a ajuda de seu filho mais novo, Marco Antonio, e do empresário de origem síria Edgardo Bathich.

Essa rede estaria na origem do dinheiro que o ex-ditador e sua família mantiveram oculta em bancos estrangeiros, com depósitos de mais de 27 milhões de dólares, de acordo com Contreras.

A denúncia, revelada domingo pelo jornal La Nación, foi confirmada em seguida por Fidel Reyes, advogado de Contreras.

"As declarações que meu cliente fez baseiam-se em fatos, e se ele afirma o que afirmou, é porque é verdade", assinalou o advogado, que defende Contreras em mais de uma dúzia de causas por crise contra a Humanidade que o mantêm preso desde janeiro de 2005.

Ele também negou que a denúncia se deva a uma vingança de seu cliente contra Pinochet.

"Vingança jamais, verdade sempre, ainda que doa", afirmou Reyes.

A denúncia será investigada pela justiça, segundo a presidente Michelle Bachelet e o comandante-em-chefe do Exército, Oscar Izurieta.

"A justiça deve agir e fazer tudo o que é preciso a respeito", afirmou a presidente.

De acordo com a versão judicial que Contreras entregou ao juiz Claudio Pavez, que investiga o crime do coronel do Exército chileno Gerardo Huber em 1991, a rede comandada pelo filho de Pinochet e Edgardo Bathich fabricava um tipo especial de cocaína, conhecida como "negra ou russa", por ser imperceptível ao olfato.

A droga era elaborada em uma das dependências do Exército em Talagante pelo ex-químico da Dina, Eugenio Berríos, assassinado em circunstâncias estranhas em 1993, no Uruguai.

A produção era enviada para os Estados Unidos e Europa, onde um parente de Bathich, o famoso traficante internacional de armas e drogas Monser Al Kassar, a distribuía e, posteriormente, depositava as remessas nas distintas contas que Pinochet manteve em bancos no exterior.

O coronel Huber, cuja morte é investigada pelo juiz Pavez, supostamente tinha conhecimento das operações e por isso foi silenciado, segundo Contreras, de acordo com o La Nación.

As primeiras contas bancárias de Pinochet e sua família no estrangeiro foram descobertas há dois anos no Riggs Bank de Washington, por uma comissão do Senado americano que investigava operações de lavagem de dinheiro para financiar organizações terroristas.

Por este caso o ex-ditador, de 90 anos, foi submetido a julgamento em 23 de novembro passado.




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