Política Titulo Aeronaves Gripen
MPF investiga compra de caças

Governo federal adquiriu 36 aeronaves Gripen, da Saab, negociação com apoio de Marinho; Promotoria federal apura eventual superfaturamento

Fabio Martins
Do Diário do Grande ABC
10/04/2015 | 07:00
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Divulgação


O Ministério Público Federal instaurou inquérito para investigar suspeita de superfaturamento na aquisição de 36 caças Gripen pelo governo da presidente Dilma Rousseff (PT). O contrato foi assinado em outubro do ano passado, dois dias antes do segundo turno do processo eleitoral, pelo valor de US$ 4,5 bilhões (equivalentes a R$ 13,8 bilhões), o que representa acréscimo de US$ 758 milhões (corresponde pela quantia de R$ 2,3 bilhões) em relação ao previsto na proposta inicial apresentada pela empresa Saab, multinacional sueca.

A apuração da promotoria, encabeçada pelo Núcleo de Combate à Corrupção, verifica se o aumento dos valores pagos foi irregular e eventual ligação de militares da reserva e da ativa da Aeronáutica com empresas responsáveis por desenvolver tecnologias ao modelo comprado pelo Palácio do Planalto. A averiguação tem prazo de duração de um ano, prorrogável pelo mesmo período. Caso sejam encontradas falhas na transação, o caso pode ser objeto de ação civil pública que requeira a anulação do contrato e o pedido de ressarcimento do pagamento aos cofres públicos.

A aquisição dos Gripen contou com a influência do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT). Pupilo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o petista viajou em 2010 para a Suécia e voou no caça. Na ocasião da visita, os executivos escandinavos manifestaram intenção de instalar empresas metalúrgicas na cidade. No começo de 2014, o próprio chefe do Executivo são-bernardense anunciou investimento inicial de US$ 150 milhões (cerca de R$ 460 milhões) na fábrica que está sendo instalada no Grande ABC. Em princípio, Marinho não entra na lista de investigados.

À época do aval do governo brasileiro, Marinho escreveu, em sua conta no Twitter, que tem “orgulho” de ter atuado do processo de escolha dos caças. A entrega das aeronaves será de 2019 a 2024, prazo deslocado em um ano além do previsto inicialmente, por questões de capacidade industrial do País. A Saab venceu concorrência contra o Boeing – fabricante do F-18 Super Hornet – e Dassault – do caça Rafale.

A FAB (Força Aérea Brasileira) alega que a diferença de preço se deve à solicitação de mudanças nos aviões, o que provocou reajuste nos valores originais do contrato, firmado na moeda sueca. O pedido adicional mencionado é que os modelos tenham apenas um display panorâmico à frente da tela de controle. A proposta da Saab era de 2009 e foi necessário adequá-la à evolução da tecnologia de alguns componentes do caça, além da exigência de maior participação brasileira na produção. A Saab diz que, caso haja questionamentos, oficial do MPF ou de outra autoridade, irá auxiliar com o que for possível. (Com Agências)  




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