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Energia eólica: opção limpa, segura e possível
Daniel Trielli
Do Diário do Grande ABC
03/03/2007 | 20:36
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Vista como o xodó dos defensores de fontes alternativas, a energia eólica desponta como opção viável para o Brasil. Não são poucas as pessoas que defendem a implantação das turbinas de grande porte em território nacional, mas ainda são muitos os desafios que impedem o desenvolvimento da tecnologia em território tupiniquim. Esse foi o tema da discussão no seminário sobre o setor, promovido nesta semana pelo IIR (Institute for International Research), na Capital paulista.

Entre as conclusões do seminário, ficou latente a preocupação quanto à falta de fabricantes dos equipamentos necessários. Apenas duas empresas operam no Brasil: a Wobben (que fabrica turbinas) e a Tecsis (que se especializa nas pás dos equipamentos), ambas em Sorocaba.

De acordo com o vice-presidente da WWEA (Associação Mundial de Energia Eólica, na sigla em inglês), Everaldo Feitosa, essa falta de fornecedores seria resolvida com uma política forte de desenvolvimento do setor. “É necessário um programa de governo de incentivo industrial”, explica.

O coordenador do Nutema (Núcleo Tecnológico de Energia e Meio Ambiente), Jorge Antônio Villar Alé, diz que essa falta faz o país ficar atrás de outras nações no desenvolvimento da tecnologia. “O Brasil não fez o mesmo dever de casa que a Espanha, a Índia ou a China, que é desenvolver a cadeia de produção de equipamentos”, conta.

Feitosa, que também é diretor-presidente do CBEE (Centro Brasileiro de Energia Eólica), ressalta que tal desenvolvimento teria de ser local. Isso porque energia eólica não tem o perfil de grandes usinas – tal qual a fonte hídrica ou termelétrica. Ao contrário, a geração energética por meio dos ventos se dá por pequenas centrais, com forte envolvimento comunitário. Ele cita o exemplo da Dinamarca, onde “cooperativas eólicas” representam o grosso da produção.

Como ponto positivo, o Brasil tem o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica), ligado ao Ministério de Minas e Energia. Criado em 2002 e regulamentado em 2006, o programa tem como missão – como o nome explica – fomentar projetos de geração em biomassa, PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e eólica. O objetivo é atingir a meta de 3.300 MW (megawatts) de energia nessas três fontes.

Em 2006, o Proinfa foi responsável por 200 MW dos 237 MW de geração eólica no país. Com esse impulso, o Brasil ficou em 20º lugar na produção total de eletricidade por essa fonte.

Território favorável é o que não falta no Brasil para as tais fazendas eólicas. Estudos indicam que o melhor local de implantação das turbinas seria no Nordeste do país, onde os ventos são fortes e estáveis. Um benefício social também está em vista: se houvesse uma indústria eólica local, a região mais pobre do país contaria com milhares de novos empregos nas empresas fornecedoras de peças para as turbinas.

Feitosa também ressalta que o Nordeste é ideal para receber a tecnologia por causa dos fluxos hidrelétrico e eólico, no que ele chama de “melhor casamento entre vento e água no planeta”. Ele explica que o período de seca, quando a produção hídrica cai, é a época que os ventos ficam mais fortes e vice-versa. Portanto, quando a água falha, o vento entraria em ação para gerar energia.

Como funciona
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Uma turbina de geração eólica de grande porte geralmente tem três hélices que rodam em uma velocidade de 10 rotações por minuto.

- A consideração da localização apropriada para se colocar uma fazenda eólica é o maior desafio da tecnologia. É necessário um local onde os ventos sejam contínuos e que tenham, no mínimo, 16 km/h.

- Com os avanços da tecnologia, as turbinas ficam cada vez maiores. A maioria das de grande porte tem pás com um diâmetro de cerca de 80 metros. Porém, o recorde de tamanho está na Alemanha. Com potência de 6 MW, a Enercon E112 tem 186 metros de altura e diâmetro das pás de 114 metros.

- Atualmente, as turbinas eólicas representam menos de 1% do total da geração energética mundial. No entanto, essa fonte contabiliza 18% da eletricidade na Dinamarca, 9% na Espanha e 7% na Alemanha.



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