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Já existiu tigre-dentes-de-sabre?
Por Caroline Ropero
Do Diário do Grande ABC
05/06/2011 | 07:00
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Divulgação


O tigre-dentes-de-sabre habitou o continente americano (inclusive no Brasil) durante a Pré-História, tendo desaparecido há cerca de 10 mil anos. Existiram três espécies, que viveram no planeta bem depois que os dinossauros desapareceram.

O maior deles era o Smilodon populator, que viveu onde hoje é o Brasil há cerca de 1 milhão de anos. Parecia um gato gigante, maior que o tigre que conhecemos hoje, com cauda curta. Media até 2,5 m e pesava entre 300 e 400 kg. Os dentes caninos eram tão longos que não cabiam na boca; mediam até 30 cm, o tamanho da régua escolar. Mas acredita-se que não serviam para segurar a presa na caça, porque deveriam ser fracos. Eles usavam as enormes patas para derrubar a caça e a rasgavam com os caninos.

Antes desse tinha o Smilodon fatalis, que viveu há 1 milhão e meio de anos. Surgiu na América do Norte e migrou para a do Sul, onde hoje é a Argentina. Era pouco menor que o populator, com 200 kg. E o mais antigo deles, o Smilodon gracilis, habitou a América do Norte há 2 milhões e meio de anos. Era o menorzinho com até 100 kg.

Acredita-se que desapareceram por causa das mudanças climáticas, durante a era glacial que cobriu tudo de gelo, ou podem ter sido muito caçados pelos homens das cavernas. Diferentemente do que muitos pensam, eles já existiam naquela época. Inclusive, foram encontrados crânios humanos no mesmo local em que estavam esqueletos desse tigre.

 

Todos parentes

Muitos dos animais que conhecemos hoje têm parentescos com os grandões que habitaram o planeta na mesma época que o tigre-dentes-de-sabre. A preguiça que vemos no zoológico, por exemplo, tem ligações com a preguiça-gigante, que viveu na América do Sul há cerca de 10 mil anos. É a mesma que inspirou a criação de Cid, do desenho A Era do Gelo.

O elefante pode ser considerado a evolução do mastodonte, que viveu entre o período de 23 milhões e 10 mil anos. Alimentava-se de vegetais, tinha cerca de 4 m e 7.000 kg. Ele também tem parentescos com o mamute - como o Manfred do desenho. Esses dois bichos do passado tinham muitas semelhanças, exceto no formato dos dentes e na época em que surgiram. O mamute apareceu depois dele.

E o tatu tem ligações com o gliptodonte, que viveu na América do Sul há 2 milhões de anos. Chegava a pesar 1.500 kg e ter 4 m de comprimento, com mais 2 m só de cauda. Foi o maior mamífero do continente.

 

Extintos daqui

O processo de extinção das espécies tem se acelerado nas últimas décadas, principalmente em função da derrubada das matas, da caça e poluição. É impossível saber quantas sumiram, uma vez que muitas somem sem que ao menos os cientistas saibam que elas existiram.

Pertinho da gente, no vale de Paranapiacaba, por exemplo, existia a perereca-de-santo-andré, que sumiu em 1920. Pouco se sabe sobre ela, nem por que desapareceu, apenas que vivia em ambientes altos e úmidos, pertinho dos rios.

Alguns aparecem e já somem. Durante a construção de Brasília, encontraram um rato curioso, que ganhou o nome de rato-candango. Logo depois que a Capital Federal foi inaugurada em 1960, ninguém mais o encontrou. Era peludo e comia formiga.

Já a ave mutum-do-nordeste desapareceu em 1987 após destruírem seu habitat para plantar cana-de-açúcar e produzir álcool. Vivia na Mata Atlântica entre Pernambuco e Alagoas.

 

- Já ouviu falar do dodô, ave que desapareceu há mais de 300 anos. Teria nascido  nas Ilhas Maurício e, como não sabia voar, virou presa fácil dos caçadores. O livro Quem Disse que Eu Não Existo? (Miriam Portela, editora Noovha America, 24 págs.) conta uma história bem legal sobre ela.

 

Alexandre Aleixo, 9 anos, de São Bernardo, assistiu A Era do Gelo e ficou em dúvida se existiu tigre-dentes-de-sabre. "Devia ser muito bonito; é o meu preferido do desenho. Será que viveu com os dinossauros?"

 

Consultoria de Alexander Kellner, paleontólogo do Museu Nacional/ Universidade Federal do Rio de Janeiro




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