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Mais gente é antibaixaria na TV
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
01/05/2003 | 18:44
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Mulheres quase nuas, vocabulário chulo e sangue, muito sangue. As fórmulas de sucesso de alguns programas da TV brasileira não agradam à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, que organiza a campanha Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania. Esta semana saiu o resultado do segundo ranking da baixaria na TV (arte nesta página) – o primeiro praticamente passou em branco, pois contou com pouco mais de 60 denúncias, as quais podem ser feitas por meio do site www.eticanatv.org.br ou do telefone 0800-619-619.

Desta vez foram contabilizadas 805 denúncias. O primeiro lugar do pódio da baixaria ficou com o Domingo Legal, programa de Gugu Liberato no SBT, que recebeu 157 reclamações por apelo sexual e sensacionalismo.

Em segundo veio João Kléber, pelos programas Canal Aberto e Eu Vi na TV, da Rede TV!. O apresentador recebeu 115 reclamações, sobretudo por conta do uso de palavrões e pela discriminação por orientação sexual.

Segundo Marília Franco, professora do Departamento de Cinema, Rádio e TV da ECA-USP (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo), essa pesquisa serve como dica para as pessoas envolvidas com a produção dos referidos programas.

“Esse ranking é uma manifestação social, por isso deve ser encarado com seriedade. Como a TV é um espaço público, deve aceitar esse tipo de campanha que tem origem na própria sociedade”, afirmou Marília.

A princípio, por meio da campanha, serão enviados pareceres sobre os programas em questão à direção das emissoras, com a intenção de que os respectivos conteúdos sejam alterados.

Se isso não for o suficiente, o objetivo é falar com os patrocinadores dessas atrações para que retirem os patrocínios. E ainda, caso nenhuma das duas primeiras opções funcionem, a idéia é estimular os próprios telespectadores a boicotar os produtos anunciados nesses programas.

A reportagem do Diário foi às ruas da região para saber qual a opinião da população em relação ao conteúdo da programação oferecido na TV aberta. Nenhum dos 20 entrevistados falou bem das opções disponíveis.

“Acho que o próprio público deveria cobrar das emissoras a qualidade da programação. Se o programa não presta, é só não assistir. Como todos sabem que na TV quem manda são os índices de audiência, a partir do momento em que esses índices começarem a cair, os próprios produtores desses programas terão de melhorar a qualidade do que exibem. Acredito que a própria população é a responsável pelo que passa na TV”, disse o gerente de operações Francisco Amorim, 31 anos.

A baixaria de 1 a 10

1 - Domingo Legal, de Gugu Liberato (SBT)
(157 reclamações por apelo sexual e sensacionalismo)

2 - Canal Aberto e Eu Vi na TV, de João Kléber (Rede TV!)
(115 queixas pelo repertório de palavrões e exploração por orientação sexual)

3 - Big Brother Brasil, apresentado por Pedro Bial (Globo)
(97 denúncias por apelo sexual)

4 - Programa do Ratinho (SBT)
(94 ocorrências por incitação à violência e cenas impróprias para o horário)

5 - Domingão do Faustão (Globo)
(78 denúncias por apelo sexual e vocabulário impróprio)

6 - Sérgio Mallandro (Rede TV!)
(37 queixas por incitação à violência e vocabulário impróprio)

7 - Hora da Verdade, de Márcia Goldshmidt (Band)
(15 reclamações pelo horário impróprio)

8 - Zorra Total (Globo)
(13 denúncias por apelo sexual)

9 - Falando Francamente, de Sônia Abrão (SBT)
(12 ocorrências por apelo sexual)

10 - Cidade Alerta, de Milton Neves (Record)
(dez denúncias por exibição de violência)




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