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Lula diz que não vai deixar FMI controlar o país
Por Elisa Bartié
Do Diário OnLine
20/05/2002 | 13:30
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O pré-candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta segunda-feira, que vai manter as negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), mas não vai deixar que o órgão determine qual será a política econômica adotada pelo governo. "Se você deixar eles colocam uma cangalha no pescoço e você nunca mais vai conseguir levantar a cabeça", afirmou.

Lula acusou os Estados Unidos de fazerem "aberração de diplomacia" ao aprovar subsídios para o setor agrícola. Ele defendeu que o governo entre com uma ação da Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os Estados Unidos. "Os EUA acabam de fazer um aberração de diplomacia e de comércio exterior ao aprovar R$ 196 bilhões para 8 anos para subsidiar a agricultura. O Brasil precisa procurar a OMC para brigar contra essa política de comércio exterior desigual", afirmou.

Em entrevista à Rádio CBN, o petista defendeu a redução da taxa básica de juros para tornar as empresas brasileiras mais competitivas no exterior. Quando questionado se vai manter a autonomia do BC em relação à definição dos juros, Lula afirmou que pode abrir espaço para outros setores da sociedade ajudar a definir o rumo da Selic.

Quanto à inflação, o presidente de honra do PT afirmou ser favorável a manter o índice o mais baixo possível. Segundo ele, se a inflação for alta, "quem paga o pato é a classe mais baixa da população". Para ele, o percentual de inflação aceitável é entre 1% e 2%.

Já em relação às alíquotas do Imposto de Renda, o petista defendeu uma cobrança escalonada e classificou os atuais índices como "um crime contra o trabalhador". "A minha proposta é não penalizar tanto grande parte dos trabalhadores que pagam honestamente porque têm o imposto descontado de sua fonte", afirmou.

Apesar de não ter definido quais alíquotas defende para cada faixa salarial, Lula disse que a idéia seria isentar os trabalhadores que recebem até R$ 1 mil, cobrar 5% dos que recebem até R$ 2 mil. Acima desses valores, os índices subiriam sucessivamente, para que os que recebem, por exemplo, R$ 50 mil não paguem o mesmo dos que têm salário de R$ 5 mil.

Quanto à reforma tributária, Lula lembrou seu discurso em palestra na Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e voltou a dizer que mudanças na cobrança de impostos será prioridade no seu primeiro ano de gestão caso seja eleito. Para Lula, a reforma ainda não foi feita porque cada empresário defende alterações que não prejudiquem seus negócios.

Em relação à reforma agrária, Lula defendeu a criação de um Fórum Nacional com participação dos trabalhadores, governo e empresários. "Serei o governo dos grandes acordos", prometeu. "A reforma agrária não é uma questão de violência, de enfrentamento. É de justiça social. O Brasil tem muita terra que deve ser negociada com a Contag, com os sem-terra, sem violência", afirmou.




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