Economia Titulo Imóveis
Mercado de salas comerciais está em alta

A expansão da oferta, no entanto, esbarra no baixo crescimento do emprego na região

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
26/10/2014 | 07:05
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Arquivo/DGABC


O mercado de salas comerciais nas três principais cidades do Grande ABC (Santo André, São Bernardo e São Caetano) vem em forte ebulição, o que, em meio a cenário de fraca atividade econômica do País, deve se traduzir em problema de sobreoferta nos próximos anos. É o que aponta pesquisa realizada pela Ibope Inteligência.

Por esse levantamento, há atualmente quase 210 mil metros quadrados em construção, com entregas previstas entre 2015 e 2017 e que têm preços que variam de R$ 7.000 a R$ 10 mil o metro quadrado. Ainda segundo o estudo, no ritmo atual de crescimento do emprego na região em atividades potenciais para escritórios, haverá excedente de 70 mil m², o que equivale a estoque de 38 meses na soma dos três municípios.

O boom imobiliário começou no segmento residencial em 2008, e mais recentemente, a partir de 2012, se intensificou na área comercial da região, destaca a diretora do geonegócios do Ibope Inteligência, Márcia Sola. Ela ressalta que a elevação do custo do terreno na Capital colaborou para esse movimento, gerando a vinda de grandes incorporadoras.

No entanto, a demanda por salas de empresas tem como condição básica a perspectiva positiva de crescimento do emprego nos últimos cinco anos. A taxa média nacional ficou em 4,4% e, para atividades potenciais para escritórios, o percentual na região é de 3,5% ao ano, pouco animador, na avaliação do estudo.

São Caetano é caso mais grave entre as três cidades. Se mantida a taxa anual do postos de trabalho, serão necessários seis anos para que a oferta anunciada seja absorvida pelo mercado, diz o Ibope. O empresário Aparecido Viana, que atua no segmento de imóveis corporativos, concorda. “Só no Espaço Cerâmica, são 1.800 saletas (em obras)”, destaca. Segundo ele, em toda a região são cerca de 3.500 salas em construção. Ele considera que as prefeituras poderiam dar incentivos – com índices maiores de aproveitamento de solo – para as incorporadoras fazerem lajes corporativas, ou seja, andares inteiros sem paredes internas, para grandes corporações.

Para Viana, as companhias do ramo se preocupam em fazer salas pequenas, para ter maior volume de vendas, mas isso está criando esse excedente que penaliza quem adquire o imóvel para investir em locação. Nesse cenário, quem adquire salas pensando na locação como um complemento de renda, a sobreoferta pode ser um problema, já que, nos próximos anos, haverá mais dificuldade de achar inquilinos e os preços do aluguel tendem a cair. Por isso, para esse perfil de investidor, esse pode não ser um bom momento para entrar nesse negócio, diz Márcia.

Pode haver boas oportunidades para quem quer locar um espaço, diz o diretor de novos negócios da construtora MZM, Evandro Soares de Menezes Júnior. Ele cita que na Capital, já há taxa de vacância (salas vagas) de 25% e São Bernardo já está com patamar semelhante. “Para o investidor está difícil hoje, mas as construtoras vão reduzir a oferta e, quem esperar três, quatro anos, o preço voltará a se alinhar e (quem comprou uma sala) voltará a ter bons ganhos”, prevê. 




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