Teatro não é unidade. É assimilação e repercussão. Um objeto de análise do meio em que é realizado. É também instrumento de diversão, mas, principalmente, de reflexão. O ABCena, projeto do Sesc Santo André que abre hoje, agrupa na multidisciplinaridade algumas das muitas unidades desse meio, mas falando sobre apenas dois temas: o teatro e o Grande ABC.

"Nossa intenção é fazer o grande público conhecer a produção atual e a memória do teatro do ABC. Nós temos um teatro disposto à pesquisa e experimentação, que é afinado com a produção brasileira contemporânea, mas pouco visível", conta Thiago Freire, da equipe de programação do Sesc e idealizador do projeto.

Freire conta que conheceu por volta de 30 companhias: "De algumas delas, conseguimos receber material. De outras, contato e adesão ao projeto. Todas que aderiram ao projeto participam, algumas com peças, outras com artistas envolvidos nas outras atividades. É um trabalho feito em rede. Procuramos criar relações de parceria no sentido de multiplicar os braços e buscar em conjunto a formação de público na região."

Entre a programação, que vai até o fim do mês, há apresentações teatrais para todos os gostos e idades, sessões bate-papo com artistas sobre diversos temas e oficinas. Alguns dos eventos serão apresentados no Sesc São Caetano.

Há também um material gráfico ilustrado, que agrupa referências, traz textos de especialistas, com informações técnicas, e remonta histórias. Ele será distribuído gratuitamente durante as atividades, para escolas e bibliotecas.

Amanhã, a programação abre com Esperando Gordô, da Cia. Lona de Retalhos. A peça traz as trapalhadas de dois palhaços à espera de alguém.

O preço máximo dos ingressos para as peças é de R$ 8. As demais programações são gratuitas e começam a partir do dia 15.

TEATRO REGIONAL
Para Renata Moré, da Cia. do Nó, de Santo André, o ABCena funcionará como uma ponte entre o passado e o futuro. "É diferente, porque temos menos possibilidades, espaço, subsídio. É um teatro que recicla muito e que teve um passado glorioso, que devemos reverenciar e observar o quanto influiu e continua atuante."

Hilda Breda, do Grupo Regina Pacis, de São Bernardo, o mais antigo da região, com 48 anos (Hilda está no grupo há 44), revela que muita coisa mudou no teatro. Tanto do lado bom quanto do ruim. "A produção, o público, tudo mudou. Hoje é mais fácil elaborar cenários, figurinos, pois a oferta e a variedade de material é maior. Por outro lado, antigamente o público era mais receptivo e a produção mais efervescente.

Lembro de grandes festivais com etapas regionais, que levavam todos os grupos do ABC a escoar sua produção para além daqui. E as pessoas não eram só interessadas em comédia, mas valorizavam todo o tipo de trabalho que se fazia no teatro", conta.

Esperando Gordô - Teatro. No Sesc Santo André - Rua Tamarutaca, 302, Santo André. Tel.: 4469-1200. Amanhã, às 15h. Ingr.: R$ 1 a R$ 3.