Os alunos da banda Mirim se apresentaram ontem na Câmara Municipal de São Bernardo em protesto às mudanças propostas pelo novo projeto da Prefeitura, que pretende diminuir o número de integrantes no grupo. As mães exigiram uma nova reunião com o secretário especial de Coordenação de Ações Voltadas à Comunidade, e futuro gestor da Pasta de Cultura, Celso Frateschi, mas a data não foi marcada.

As mães afirmaram que as crianças realizaram a apresentação para mostrar aos vereadores o bom trabalho da banda. Algumas delas gritavam exaltadas que Frateschi deveria estar lá para ouvir os garotos, já que ele havia dito, na primeira reunião, que a banda era ruim, mesmo sem conhecer seu trabalho. "Essa declaração magoou a todos nós, inclusive nossos filhos que estavam presentes", afirmou Patricia Lauriano de Miranda. Segundo ela, seu filho que tem 14 anos, está desestimulado, com medo de que a banda termine.

O maestro Juan Martinez reafirmou que ainda não recebeu nenhuma satisfação sobre a reformulação do grupo, e que eles só foram informados depois que as mães, preocupadas com as rematrículas, pressionaram a Prefeitura. Diante da situação, maestros e pais procuram um espaço para que os ensaios continuem. O último aconteceu no salão de festas da casa de Regina Puerta, mãe de uma das crianças. "Faltou muita gente porque não conseguimos avisar a todos", lamentou.

Martinez, maestro da banda Jovem há quatro anos, acha um absurdo o tratamento que a Prefeitura tem dado ao grupo. "Eles não tiveram nem a consideração de me despedir. Simplesmente pararam de pagar meu salário, suspenderam também a ajuda de custo dos jovens, sendo que nosso contrato vai até maio. O que eles estão fazendo não é certo. Tenho certeza de que eles querem trocar todo o grupo", afirmou. "A impressão é de que querem acabar com o projeto da gestão anterior para começar algo novo por mera questão política. É burrice mexer em algo que está dando certo."

Martinez lembrou que grandes músicos já passaram pelas bandas Mirim e Jovem como o trombonista Bocato e o saxofonista Esqui.

O ex-secretário de Educação e Cultura, Admir Ferro, afirmou que deveria haver um novo programa. "O projeto é barato. Só gastávamos com lanches, transporte, o salário de R$ 3.000 para cada um dos dois maestros e a bolsa-auxílio de R$ 250 para os integrantes da banda Jovem."

MUDANÇAS - Na reformulação, a banda Mirim deixaria de ter 60 crianças e adolescentes, com idades de 10 a 16 anos, para ter apenas 27 integrantes. E a Jovem (estudantes de 16 a 25 anos), reduziria seu efetivo de 60 para 24 músicos. A Secretaria de Cultura de São Bernardo disse que o programa de formação musical do município passa por reformulação e, com a mudança, o atendimento será ampliado. "Até o ano passado, o programa de formação musical era restrito à banda Mirim em Formação e às 13 oficinas culturais na área de música, que contemplavam cerca de 300 pessoas atendidas. Agora, com o Centro Livre de Música, a Prefeitura passará a atender 1.100 pessoas, entre elas, os participantes atuais e das bandas Jovem e Mirim, porém, todos deverão se submeter a testes específicos para integrar as corporações."