Economia Titulo Habitação
Plano habitacional pode ser inviável no Grande ABC

Região não possui terrenos para construção de casas a baixo custo para um milhão de famílias

Michele Loureiro
Tauana Marin
21/03/2009 | 07:00
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O pacote habitacional preparado pelo governo federal para enfrentar, ao mesmo tempo, o déficit de moradias no País - que corresponde a cerca de 7,5 milhões de unidades - e a ameaça do desemprego, vai enfrentar dificuldades para ser implementado no Grande ABC.

O primeiro impasse é a questão da disponibilidade de terrenos na região. Como parte do pacote, as prefeituras terão que providenciar as áreas e os projetos. A promessa do governo é financiar a construção de um milhão de moradias para famílias com renda de até dez salários mínimos.

Para Rosana Carnevalli, diretora-adjunta do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) do Grande ABC, "o grande desafio é conseguir terrenos a baixo custo, uma vez que, com a escassez, há valorização das áreas. Em São Caetano, por exemplo, é praticamente impossível achar um terreno que custe menos do que R$ 500 por m²", enfatizou.

Além disso, para a diretora-adjunta, é preciso que as prefeituras ajudem na diminuição de alguns impostos, caso contrário, a construção por um custo baixo será inviável. Para se ter uma ideia, somente no Grande ABC, o déficit ultrapassa 67.400 unidades.

O diretor do SindusCon-SP,Paulo Piagentini, ressalta que Mauá e São Bernardo - cidades que possuem mais áreas livres -, são extremamente compostas por áreas de manancial.

PACOTE - O valor médio de construção das casas será de R$ 40 mil e o máximo de R$ 60 mil. Apenas cidades com mais de 100 mil habitantes serão contempladas. Na região, apenas Rio Grande da Serra não atinge o número necessário - são apenas 42.600 moradores.

O pacote na íntegra será anunciado na quarta-feira. Ontem a ministra da Casa Civil, Dilma Rouseff, se reuniu com sindicalistas em Brasília com o propósito de informar como se dará o andamento do plano, e notificar que, o prazo para conclusão foi estendido de 2010 para 2011. "É uma proposta positiva tendo em vista o lado social, já que as prestações variam de R$ 50 a R$ 150, oportunidade para quem ainda não conseguiu comprar a casa própria", destacou o secretário geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

O sindicalista destaca que a geração de empregos para a construção das residências será significativa. "Apesar de a ministra não ter quantificado os números, será um valor expressivo, já que o setor da construção civil impulsiona os demais mercados, como a indústria metalúrgica", disse Juruna.

O presidente Luis Inácio Lula da Silva acredita que este será um desafio ‘extraordinário' para a indústria da construção civil brasileira. "O setor passou 50 anos reclamando e agora vai ter um milhão de casas para serem construídas", afirmou.

Entretanto, o representante da Força Sindical espera mais detalhes para a implantação do pacote. "Ficou um pouco complicado de entender como isso irá funcionar na prática. Isto porque, municípios, sindicatos e cooperativas vão realizar o cadastro da população interessada para depois obter a autorização do governo federal para a construção das moradias".




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