Economia Titulo Consumo
Inflação dos alimentos cai, mas não reflete no bolso do consumidor

Queda da inflação ainda é pequena em relação aos aumentos que foram registrados nos últimos meses

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
08/09/2008 | 07:05
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A inflação no Grande ABC, assim como no País, registrou desaceleração em agosto, puxada principalmente pelo preço dos alimentos, que apresentaram deflação no último mês. Entretanto, mesmo com a queda do valor nas gôndolas dos supermercados em todo o País, o consumidor não conseguiu sentir alguma diferença no bolso.

Na região, onde o IPC-USCS (Índice de Preços ao Consumidor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul) apresentou retração de 0,34% para 0,33% de julho para agosto, o grupo dos alimentos foi o responsável pela queda do indicador, com retração de 0,38% nesse segmento. Apesar de aparentemente ser pequena a queda, a alimentação responde por 33,81% da composição do índice de inflação.

Na opinião de Idalina da Silva Jurema, 55 anos, cabeleireira de Diadema, "comprar comida está muito caro. O quilo de acém (carne de segunda) está R$ 11. Isso é preço de carne de primeira", lamenta. Idalina conta que há cerca de dois meses o que ela comprava com R$ 180, arroz, feijão e material de limpeza, entre outros, hoje não sai por menos de R$ 220.

"Não dá para concentrar as compras em um só lugar. É preciso pesquisar muito. Em uma mesma feira, uma banca oferecia o quilo do tomate por R$ 2,60. Em outra, acabei comprando por R$ 1,30".

Para Valquíria Queiroz, 44 anos, esteticista de São Bernardo, o impacto da inflação é ainda maior: a compra de oito meses atrás comparada à de hoje sai por R$ 300 a mais. "Não dá para reduzir os gastos, porque se o preço do feijão diminui, o da carne aumenta. Então sempre gastamos a mais", justifica.

FIDELIDADE - Mitsui Yamamoto, 63 anos, secretária aposentada de São Bernardo, é cliente fiel de uma grande rede varejista. Apesar de se sentir lesada com os preços altos, ela sempre carrega consigo panfletos de ofertas e leva ao caixa para obter os descontos, já que a loja costuma cobrir a oferta anunciada por outros supermercados. "Também dou preferência para o que está na safra, como batata e tomate, porque o preço é melhor". Para ela, a cebola é um dos itens que estão com preço salgado, pois o quilo passou de R$ 2,35 para R$ 3,08.

Legumes ficam 16,17% mais baratos

A queda no preço dos alimentos em agosto foi suficiente para segurar a inflação no Grande ABC. A maior redução foi registrada no custo dos legumes, que ficaram 16,17% mais baratos para o consumidor da região. Em seguida, o peixe fresco recuou 5,13%, e os cereais (como arroz e trigo) baixaram 3,12%. As verduras apresentaram retração de 2,18%.

Entre os itens industrializados, o óleo de soja teve seu preço diminuído em 3,32%, a farinha de trigo, 1,97%, e os biscoitos doces, 5,83%. Derivados do leite como queijo prato, iogurte, requeijão e margarina também registraram valores menores no mês passado, segundo o IPC-USCS.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que tem abrangência nacional e se refere às famílias com renda de um a 40 salários mínimos - R$ 415 a R$ 16,6 mil - também registrou deflação em agosto, passando de 0,53% em julho para 0,28%, devido aos produtos alimentícios. Pela primeira vez em dois anos o preço dos alimentos apresentou retração, com 0,18%.

Em outro índice, o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que abrange as camadas de renda entre um a seis salários mínimos - R$ 415 a R$ 2.400 -, mais uma vez os alimentos recuaram (-0,42%) e influenciaram a baixa de 0,37 ponto percentual em relação a julho. A desaceleração do INPC é mais forte que a do IPCA pois a alimentação tem maior peso para a população de renda inferior.




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