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Derrubada de obras traz preocupação em Mauá
André Vieira
Do Diário do Grande ABC
22/11/2009 | 07:16
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Os moradores do Jardim Primavera, em Mauá, temem que ações como a que derrubou a garagem de uma casa erguida em área pública, na Avenida do Manacá, voltem a ser praticadas pela Prefeitura e venham a destruir outras construções do bairro, onde vários imóveis foram erguidos de maneira irregular. A população diz que a administração não apresentou ainda qualquer explicação.

A garagem começou a ser erguida em agosto, no quintal de uma casa que está de pé há 24 anos, e estava em fase final de construção. Na segunda-feira, dia 16, sem notificar o responsável pela obra ou apresentar qualquer autorização judicial, a Prefeitura derrubou o salão.

Dez dias antes, no dia 6, também sem comunicar ou prestar esclarecimento, a administração destruiu o teto e as paredes de um cômodo que era erguido no Parque das Américas, em imóvel onde residem duas famílias.

Além da ausência de informação prévia, as duas ações foram marcadas pela truculência, o que contribui para a população ficar apreensiva.Presidente da associação de moradores do bairro, o professor de capoeira Wilson José Ferreira, 25, disse que, sem sucesso, cobrou explicações da Prefeitura.

Antes de iniciar as demolições, as equipes de fiscalização percorreram o bairro recolhendo materiais de construção que estavam depositados nas calçadas, para evitar o começo de obras ou a continuação das existentes.

"As pessoas estão preocupadas, tanto que quem tinha material de construção na rua tratou de dar um jeito de tirar", afirmou Ferreira.

"Nunca tinha visto nada desse jeito no bairro. Aqui quase tudo é irregular e a Prefeitura chegou para destruir uma única garagem acompanhada de seis viaturas da GCM (Guarda Civil Municipal)", afirmou o pintor Manoel José da Silva, 31 anos.

No Jardim Primavera há 15 anos, o pintor está erguendo outro pavimento sobre sua casa e não acredita que vá ser incomodado pela Prefeitura, mas teme não ter saída caso a fiscalização se intensifique.

"Estou aumentando minha casa, construindo o quarto dos meus filhos porque eles precisam. Mas sei também que o espaço não é meu e se a Prefeitura derrubar, o que posso fazer?", ponderou.

Casa ficou sem segurança e suja
As marcas da demolição da garagem que estava sendo construída no quintal da casa onde mora a auxiliar de limpeza Maria dos Reis, 49, não estão somente na memória. Quase uma semana depois, além de deixar a residência vulnerável, sem muro e sem portão, a Prefeitura ainda não retirou o entulho.

Precariamente, para evitar que o terreno fique sem qualquer proteção, a auxiliar de limpeza improvisou uma parede com pedaços de madeira. "Mas ainda não é suficiente. Moro com mais três filhas. Duas trabalham e a outra vai para a escola. A maior parte do dia a casa fica vazia e desprotegida", reclamou Maria.

A demolição da garagem por parte da equipe de fiscalização da administração terminou também por danificar parte da instalação da rede elétrica do imóvel. O dano ainda não foi reparado.

"Fui à Prefeitura falar do conserto e disse que queria sair daqui e talvez entrar em algum programa de auxílio- aluguel. Me pediram para eu avisar se for fazer isso mesmo, porque então eles voltarão para derrubar a casa toda.", afirmou a auxiliar.

Fiscais vigiam imóvel que teve cômodo destruído
O cômodo derrubado pela Prefeitura na casa de número 244 da Rua Assunção, no Parque das Américas, está fazendo falta para as duas famílias que ocupam o imóvel. A construção que foi ao chão tinha cinco metros de largura por três de comprimento.

"O espaço estava sendo usado para a lavanderia. Minha esposa está grávida. É complicado ficar sem a cobertura. Eu até queria levantar as paredes novamente, mas pode ser outro prejuízo" afirmou o técnico em segurança do trabalho Antonio Célio Leite.

Além de não ter sido anunciada, a ação foi brusca. As roupas que estavam penduradas no varal foram atiradas. Atingida por um caco de telha, a esposa de Leite, Cleidiane Muniz da Silva, 28 anos, passou mal e precisou ser levada ao hospital.

"Depois disso, a Prefeitura não voltou e não prestou nenhum esclarecimento. Mas os fiscais passam por aqui olhando, ficam vigiando minha casa enquanto outras continuam sendo construídas na rua, que é tudo irregular", afirmou Leite.




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