Juiz de instrução espanhol Fernando Grande-Marlaska, encarregado de vários sumários abertos contra a organização separatista basca ETA, e seu braço político, Batasuna, revelou neste domingo na revista do jornal El País sua condição de homossexual casado.

O magistrado, de 43 anos, confessou que, aproveitando a lei que entrou em vigor na Espanha em julho de 2005 e que autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo, casou-se em outubro com Gorka, seu companheiro de origem basca e filósofo de profissão, com quem vivia há nove anos.

Submetido a uma forte pressão política e da mídia na polêmica fase de início de um processo de paz com a ETA, o juiz da Audiência Nacional, principal instância penal espanhola, relatou na entrevista intitulada ‘No Olho do Furacão’ as dificuldades que teve como homossexual para que sua opção fosse aceita.

"Tem gente em situação verdadeiramente dura. Para ser sincero é por isso que decidi dar esta entrevista", declarou o juiz, que nunca falou com a imprensa.

"Não me sinto modelo para ninguém, mas há muitos rapazes que vivem em pequenos povoados e têm muitas dificuldades. Com isto pode ser que digam, veja, esse cara de quem os jornais falam tanto também é assim, então o que sou não será tão estranho, tão ruim", refletiu o juiz Marlaska.

Grande-Marlaska, que há três anos trabalha na Audiência Provisória de Vizcaya (País Basco, norte), onde fez uma carreira brilhante, chegou a Madri para viver em uma "sociedade onde existissem outras perspectivas".