O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, informou neste sábado que determinou a retirada do embaixador venezuelano do Peru e que enviará uma nota de protesto àqueles país pelas tentativas de Lima, capital peruana, de capturar secretamente o ex-chefe do serviço de inteligência peruano Vladimiro Montesinos. Em resposta, o governo do Peru decidiu também retirar, neste sábado, seu embaixador na Venezuela, segundo informou o primeiro-ministro do país, Javier Pérez de Cuéllar.

"Estamos revidando imediatamente com a retirada de nosso embaixador na Venezuela, que seguramente estará de volta ao Peru amanhã", disse o primeiro-ministro.

Chávez anunciou com orgulho no último fim de semana a captura em seu país do fugitivo, mas, na sexta à noite, condenou revelações do governo peruano de que tinha negociado a prisão em Caracas do homem mais procurado da América Latina sem avisar as autoridades da Venezuela.

Em mensagem ao vivo transmitida pelos canais de rádio e televisão da Venezuela, Chávez qualificou de "inamistosa" a ação do Peru e denunciou uma "conspiração internacional" para fazer com que seu governo seja considerado "criminoso".

O governo de Chávez ficou em situação embaraçosa depois que o Peru questionou o papel das forças de segurança venezuelanas na captura de Montesinos, que foi levado para Lima, onde enfrenta acusações que vão desde corrupção até violação de direitos humanos.

O ministro do Interior do Peru, Antonio Ketín Vidal, disse na noite de quarta-feira (27) que uma operação secreta chamada "Jaque Mate", negociada com protetores venezuelanos de Montesinos para entregar o fugitivo a diplomatas peruanos em Caracas, foi "interrompida misteriosamente em um último minuto por agentes de inteligência militar da Venezuela".