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Conselho Tutelar lista 10 escolas de SBC onde tráfico aumentou
Por Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
18/11/2006 | 19:26
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O Conselho Tutelar de São Bernardo constatou aumento do envolvimento de adolescentes no entorno ou dentro de 10 escolas estaduais do município, consideradas pelo órgão as mais problemáticas da cidade. De 11 casos verificados em média por mês, esse número pulou para 19 em outubro, um acréscimo de 72,72%, causando preocupação nos conselheiros.

A maioria desses jovens estuda nas escolas listadas pelo Conselho Tutelar. São usuários e/ou traficantes, os chamados aviõezinhos, que repassam a droga.

O aumento, que não é tão representativo em números absolutos, mas é alarmante em crescimento percentual, serviu de alerta e fez com que funcionários dos colégios procurassem o Conselho Tutelar e os responsáveis dos estudantes.

“É uma situação grave, preocupante, e o poder público precisa tomar alguma providência. Nós, como conselheiros, temos a responsabilidade de auxiliar esses jovens na recuperação. A polícia, principalmente, deveria identificar e prender os aliciadores, que são adultos”, afirmou a conselheira Cleuza Padilha Santiago.

O marketing do mal é a grande novidade nas escolas. Alguns traficantes estão fornecendo drogas grátis, como se fosse um brinde, para atrair os adolescentes.

Presentinhos como trouxinhas de maconha foram colocados em cadernos de alunos e escondidos nas carteiras da sala de aula. Um caso foi verificado na escola Doutor José Fornari e outro na Doutor Baeta Neves, ambas no bairro Baeta Neves.

“Uma aluna, ao chegar em casa e abrir a mochila, encontrou dentro do caderno uma trouxinha de maconha. Outro estudante achou o mesmo tipo de droga deixado embaixo da carteira. Isso mostra que os aliciadores querem primeiro viciar os adolescentes para depois obrigá-los a gastar dinheiro com o vício”, afirmou a conselheira.

“Sabemos que o problema das drogas é muito complexo e fica muito difícil impedir a entrada de drogas na escola e a movimentação no seu entorno. Entretanto, achamos que o poder público deveria oferecer maiores oportunidades de formação profissional para dar perspectiva de melhora de vida para esses adolescentes. Atualmente, isso é feito de maneira superficial”, afirmou a conselheira Lourdes Veronesi.

O delegado responsável pela Dise (Departamento de Investigações Sobre Entorpecentes) de São Bernardo, Waldir Antônio Covino Júnior, discorda das críticas feitas à polícia pelos conselheiros.

“Nós trabalhamos com informações. Não recebemos nenhum dado do Conselho Tutelar ou das escolas sobre o assunto. Não temos bola de cristal para pegar os aliciadores. Muitas escolas omitem os casos por causa da má publicidade”, argumentou o delegado. O Conselho Tutelar afirma que, por lei, não pode passar à polícia o nome dos adolescentes envolvidos.

O comando da Polícia Militar que atua em São Bernardo afirma que o trabalho de investigação dos aliciadores compete à Polícia Civil, apesar de a corporação colocar rondas escolares para auxiliar no combate à violência dentro e fora das escolas.



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