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Grande ABC aposta na logística para crescer
Por Lana Pinheiro
Do Diário do Grande ABC
30/07/2006 | 03:58
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Quem roda diariamente pela Marginal Pinheiros já pôde comprovar: sempre há um caminhão da transportadora Grande ABC cruzando a avenida. Vindo em direção da região ou em mão oposta lá estão eles, todos os dias, todas as horas. Para ser exato, o intervalo de tempo entre um e outro é de 4,5 minutos, em rígida obediência ao planejamento feito pela empresa.

O tempo pode parecer meio exagerado, suspeita que é imediatamente afastada pelo presidente da empresa, Antônio Caetano. “A precisão é a arma do nosso negócio”, afirma ao contar que a grande parte desses veículos estão carregados de autopeças que são entregues de porta-em-porta nas principais montadoras do país e em todas aqui da região.

O sistema a que se refere Caetano é conhecido como milk-run (expressão inglesa que em português significa corrida do leite), justamente porque hoje os veículos repetem a rotina dos caminhões de antigamente que passavam na porta de cada casa, entregando o leite sempre no mesmo horário. Do passado para os dias atuais só a carga mudou. No milk-run, o caminhão tem hora determinada para chegar a montadora, tempo definindo para descarregar a carga, deixar o local e começar tudo de novo em outra montadora.

Como as peças entram imediatamente na linha de produção, qualquer atraso é imperdoável, pois pode significar a interrupção dos trabalho e milhões de reais em prejuízo. “Os caminhões carregam os estoques das fábricas em suas carroçarias exatamente para diminuir o custo operacional. Qualquer atraso pode por todo o trabalho a perder”, explica o presidente da transportadora que apesar desse nome está cada vez mais especializada em serviço de logística.

E qual é a diferença? “Muitas”, explica Caetano. O serviço de transporte se resume em mudar uma carga de um lugar ao outro. Já a logística envolve desde a possibilidade de armazenar as peças, gerenciar todo o estoque, administrar a entrega de materiais no tempo exato. “É um processo muito mais complexo que envolve administração de pessoas, recurso, materiais e tempo. Para eles é redução de custo, para nós é competência”.

A diferença é tanta que até o desempenho e as expectativas para os dois tipos de serviço são diferentes. No transporte de cargas, afirma o executivo, a situação está de mal a pior, um pouco por culpa do frete - considerado baixo, outro tanto pela quebra do agronegócio e até pelo dólar. “Com a valorização da moeda americana, muitas montadoras preferem comprar no exterior as autopeças. O resultado é a redução do transporte de componentes no interior do país, isso é prejuízo para gente”.

Prova de que a situação é grave está em planilhas na mesa de Caetano: de estimativa de comprar 200 caminhões no ano, só 26 serão adquiridos. O círculo vicioso se forma e as vendas dos veículos de carga mantém tendência de queda. “Vamos crescer 8% neste segmento, contra perspectivas inicias de 25%”.

Em contrapartida, em logística o cenário está bem melhor. “Poucas empresas oferecem ao mercado serviço tão especializado como o nosso. Por isso, as expectativas são bem melhores”. Feitas as contas, a Transportadora do Grande ABC deve repetir no ano média de crescimento registrada nos últimos 5 anos de 27%.



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