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Pesquisa alerta para qualidade da água em Paranapiacaba

Coletas realizadas ao longo de 2019 mostram que há regiões sob risco de contaminação

Por Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
08/11/2020 | 07:00
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DGABC


 Nota técnica publicada na última semana pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano) indica que qualidade da água em pontos localizados na Vila de Paranapiacaba, que pertence a Santo André, requerem atenção. As oito amostras coletadas nos meses de fevereiro, maio, setembro e outubro de 2019 mostraram que os trechos onde a Mata Atlântica está preservada, a qualidade da água está boa. Porém, nas demais localidades, o indicador oscilou de regular a ruim.

Os pontos analisados foram escolhidos pelos pesquisadores porque integram as nascentes e o percurso de três sub-bacias: Rio Grande, Rio Pequeno e Rio Mogi. As duas primeiras, inclusive, são braços da Represa Billings, responsável pelo abastecimento de 1,2 milhão de pessoas, inclusive no Grande ABC, segundo a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). “Preservar essa região significa preservar locais de captação de água e garantir o abastecimento”, explica Marta Marcondes, bióloga, professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e pesquisadora do Conjuscs.

Ponto mais crítico foi coletado próximo à Rua da Estação e está em trecho que recebe água de esgotamento sanitário, oriunda das valas sanitárias – sistema único de coleta onde o esgoto doméstico, a água servida e as águas pluviais são coletadas – presentes na vila. Em duas das quatro campanhas, bactérias do grupo de coliformes termotolerantes, que podem causar doenças em humanos, foram encontradas. A pesquisa destaca que este é local que exige cuidado, já que a contaminação está próxima.

Segundo Marta, é necessário estudar a eficiência deste sistema para que, respeitando os aspectos históricos e arquitetônicos, possa ser restaurado. “Esse ponto que apresentou contaminação por esgoto doméstico não tratado deve ser monitorado constantemente para a verificação da sua qualidade, se ocorrerá melhora ou se existe outros tipos de contaminação”, afirma. Importante ressaltar que a Vila de Paranapiacaba é patrimônio histórico federal desde 2002, assim, quaisquer intervenções devem ser validadas pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Outro ponto de qualidade regular é na entrada da vila, no Parque das Nascentes, onde a água fica represada, se tornando área de lazer para a população. Na bica d’água, onde visitantes costumam encher as garrafas, a qualidade variou entre boa e regular. Dada a oscilação, a pesquisa sugere que o monitoramento do ponto seja semanal, visando entender quais fatores interferem no resultado. As demais amostras, que foram coletadas em áreas cercadas pela Mata Atlântica e afastadas das interferências da vila, foram classificadas como de boa qualidade.

“Se houver preservação das florestas, temos água de qualidade. Isso deve ficar muito claro para que a região não sofra com a ideia de empreendimentos que podem colocar em risco aquele trecho da Mata Atlântica, já tão destruída por interesses econômicos”, alerta Marta. A preservação da mata garante a absorção da água da chuva para reabastecimento de nascentes, a formação de chuvas e o ciclo dos nutrientes, que garantem a qualidade do solo, além da proteção do solo para que não aconteça o assoreamento de rios e nascentes.




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