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Agente é assassinado e CDPs param
Por Bruno Ribeiro e Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
29/06/2006 | 07:53
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Os agentes penitenciários de todo o Estado entraram em greve à 0h de quinta-feira para protestar contra a morte do colega Nilton Celestino, 41 anos, assassinado quando saía de casa quarta-feira pela manhã, em Itapecerica da Serra, na Região Metropolitana.

Celestino, que trabalhava no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Itapecerica da Serra e atuava havia 22 anos em presídios, não escapou da ira do PCC (Primeiro Comando da Capital). Semelhante ao que a facção queria fazer no Grande ABC há três dias, Celestino foi executado por três homens que atiraram mais de 10 vezes. O trio usava uma espingarda calibre 12 e duas pistolas 9 milímetros.

Na última segunda-feira, membros do PCC armaram uma ação que tinha como objetivo matar pelo menos 15 agentes penitenciários em São Bernardo. A ação foi frustrada pela polícia – que descobriu a ação por meio de escutas telefônicas. Treze suspeitos foram mortos e outros cinco, presos.

O objetivo do PCC em atacar agentes penitenciários é uma represália ao maior endurecimento adotado nos presídios após os atentados promovidos em maio. A facção deseja desestabilizar os trabalhadores do sistema prisional e, dessa maneira, ampliar a fatia de poder dentro das cadeias e obter mais regalias.

Os três autores da morte de Celestino receberam ordem do PCC para assassinar o agente. A polícia os identificou como Adailton Ferreira Leite, 28 anos, Leandro Souza Matos de Menezes, 20, o Lê, e Leandro Soledade da Silva, 24, o Bolacha. Todos têm ficha criminal extensa.

No final da tarde de terça-feira, os três bateram na porta da casa de um vizinho de Celestino, o desempregado Fernando de Souza, 21 anos, e disseram: “Temos de fazer uma fita para o PCC. Ou você empresta a casa para a gente ou morre”. Souza atendeu a ordem.

Às 5h30, o trio voltou para casa e ficou na laje, observando a residência de Celestino. O agente, que estava de folga e fazia bico como pedreiro, saiu às 7h30 para trabalhar numa casa vizinha. Durante o trajeto, foi surpreendido pelos três assassinos. Celestino era casado e pai de seis filhos.

A polícia prendeu Souza por participação no homicídio e formação de quadrilha, apesar de o acusado argumentar que tenha sido forçado a obedecer as ordens dos três criminosos, que estão foragidos.

O protesto dos agentes penitenciários deve durar 24 horas, e começa à 0h de quinta-feira. Nesse período, os presos não terão direito a banho de sol e ficarão confinados nas celas, em luto pelo agente penitenciário morto, de acordo com o diretor regional da Grande São Paulo do Sindasp (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária de São Paulo), Paulo Gilberto de Araújo. Alimentação e fornecimento de medicamentos vão ocorrer normalmente.

A previsão é fazer outra parada de 24 horas na quarta-feira da semana que vem, sete dias após o assassinato do agente de Itapecerica. “Se acontecerem mais ataques, essa greve será prolongada por tempo indeterminado”, afirma o diretor do sindicato. Ele confirma que os CDPs de Santo André, São Bernardo, Mauá e Diadema participarão da greve. Seiscentos agentes trabalham nos quatro presídios. “Isso que está acontecendo agora é uma covardia que nunca existiu. Trabalhamos atendendo às necessidades deles e agora resolveram nos fragilizar”, lamenta o diretor.

Quarta-feira, os funcionários do CDP onde o agente Celestino trabalhava já paralisaram os serviços. A greve deve continuar nesta quinta-feira. Nenhuma nova reivindicação da categoria será apresentada ao Estado durante o períodos de paralisação. Entretanto, a categoria briga pelo direito de portar armas de fogo fora do expediente de trabalho, fato que hoje não é possível.



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