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São Bernardo promete 20 creches em dois anos, mas entrega somente duas

Moradores esperam realização de promessa de campanha de Orlando Morando; 3.000 crianças aguardam

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
02/06/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


É no quintal pequeno e na sala da avó que os primos Kauan e Daniel, ambos com 2 anos, brincam e se divertem. Cada um com a roupa do personagem favorito, o Homem Aranha, em meio a bolas e carrinhos, passam o tempo junto da educadora social Rosa Maria de Souza, 46, que, apesar da formação, não está ali com a função de colaborar com o desenvolvimento dos pequenos – ainda que seja exatamente isso o que ela esteja fazendo – mas de suprir a falta de creches no Montanhão, em São Bernardo.

Além de ser a avó de Daniel, Kauan e Victor, de apenas 25 dias, Rosa é também presidente da associação de moradores do bairro e, há anos, acompanha as dificuldades das famílias e das crianças que precisam de escola. Levantamento feito pela própria associação, em 2015, identificou 9.000 beneficiados pela entidade em sua área de atuação, número que, hoje, segundo ela, é bem maior. “A ocupação e a chegada de moradores não pararam. Acredito que ao menos 50% dessas famílias precisem de vagas em creche”, estimou.

A comunidade aguarda a concretização de promessa de campanha do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), de que seriam construídas dez creches por ano na cidade. A afirmação foi feita durante debate no segundo turno da eleição de 2016 com o deputado federal e então candidato a prefeito Alex Manente (Cidadania) na TV Record.

Passados dois anos e meio do governo Morando, apenas duas unidades destinadas a crianças com idade entre zero e 3 anos foram inauguradas – ambas com projetos iniciados pela gestão anterior, de Luiz Marinho (PT). Os equipamentos foram entregues em 2018, Emebs (Escolas Municipais de Educação Básica) Riacho Grande (março) e Jardim Nazareth (abril).

Em janeiro deste ano, a Prefeitura informou que havia 2.913 crianças na fila de espera por creche. Na ocasião, a administração destacou projeção de entrega de quatro unidades em 2020 – investimento de R$ 7,6 milhões no total. As construções seriam erguidas em áreas de alta demanda, como Vila São Pedro, Grande Alvarenga e Jardim Silvina. Questionada novamente sobre o deficit de vagas, programas futuros e projetos em curso, a Prefeitura não respondeu até o fechamento desta edição.

SEM OPÇÃO  - Até 2014, o programa municipal Segundo Tempo ofertava, na sede da associação de moradores do Montanhão, atividades para 70 crianças no contraturno escolar. “Quando acabou, fui bastante cobrada pelas famílias. A gente tem tentado dialogar, falar com a administração da necessidade que temos por creches, mas não existe nada de concreto”, lamentou Rosa Maria.

As duas filhas de Rosa, Danielli de Souza Silva, 21, mãe de Kauan e Victor, e Gabriela de Souza Silva, 23, mãe de Daniel, estão desempregadas. Hoje, é a avó quem fica com os pequenos para que elas procurem emprego ou saiam para resolver qualquer situação.
Moradora do bairro Ferrazópolis, a autônoma Elaine Cheban, 34, se desloca todos os dias para levar o pequeno Leonardo, 1, para escola particular no bairro Silvina. “Já fiz a inscrição dele há quase um ano (na rede pública), mas não chamaram. Tem meses que deixo de comprar as coisas para ele e para meu outro filho para poder pagar a escola e ter como trabalhar”, lamentou. 




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