Setecidades Titulo Saúde
Atendimento de emergência
em Mauá demora até 3 horas

Com o atendimento de clínicos gerais e pediatras suspenso
no Hospital Nardini, transporte até as UPAs aumenta espera

Por Rafael Ribeiro
do Diário do Grande ABC
01/04/2012 | 07:00
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No primeiro dia em que o Hospital Nardini, em Mauá, deixou de realizar atendimentos de urgência em clínica geral e pediatria, pacientes reclamaram da demora da van colocada à disposição para levá-los até as três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) da cidade. A demora, segundo relatos de alguns usuários, foi de até três horas para conseguir atendimento nas unidades da Vila Magini, Jardim Zaíra e Vila Assis, incluindo o transporte até esses locais.

A equipe do Diário tentou passar por clínico geral no Nardini e ouviu do atendente que só seria possível nas UPAs. Ao procurar o serviço das vans, foi informada que devido à demora, a prioridade era para idosos e mães com crianças. "Já que o senhor não está tão mal, aconselho a ir por conta própria."

A reportagem chegou ao hospital às 13h15 e somente às 14h05 o veículo apareceu. O funcionário explicou que na UPA da Vila Magini, inaugurada ontem e para onde iria o carro, o atendimento demorava. Foi o suficiente para a vendedora Patrícia Santos de Araújo, 25 anos, voltar para casa com o filho de 1 ano, que está com pneumonia bacteriana. "Não dá, estou há mais de duas horas esperando. Vou na farmáciacomprar um remédio."

Moradora do Jardim Miranda, ela diz que agora irá procurar direto a Santa Casa da cidade, no Centro. "Nenhuma dessas UPAs fica perto da minha casa. O Nardini era a melhor opção."

Segundo a Prefeitura, o transporte dos pacientes do hospital até as UPAs será feito por mais 14 dias. Para o prefeito Oswaldo Dias (PT), a população acostumada a ir ao pronto-socorro do Nardini, deverá se reeducar, pois ali só serão atendidos casos graves. O prefeito afirma que, assim, cumpre recomendação do Ministério da Saúde. "Em todo processo de mudança, sempre consideramos que haverá certo desconforto no início", disse.

Para Dias, a nova UPA deverá absorver boa parte da demanda de pacientes por estar na região central da cidade. Entretanto, o prefeito reconhece que o ciclo só ficará completo quando a quarta unidade, no Jardim Maringá, for entregue. A previsão é que isso aconteça em setembro. "Fizemos a melhor distribuição possível. É claro que não dá para colocar uma unidade em cada bairro."

A população discorda. Moradores do bairro Sônia Maria fizeram ontem protesto por causa do fim do atendimento 24 horas na UBS (Unidade Básica de Saúde). A balconista Luzia Passos, 41 anos, diz que em fins de semana pode até arriscar ir ao Centro, mas que na urgência, dará preferência aos hospitais da vizinha Santo André. "Gasto menos de 20 minutos, é o ideal."

Prefeitura reconhece que há falta de médicos

Entregue ontem, a UPA Vila Magini segue o padrão das outras duas existentes na cidade, no Jardim Zaíra e Vila Assis: funciona 24 horas, tem capacidade para atender até 300 pessoas, 12 leitos e salas de estabilização para casos de extrema urgência. O plano é reduzir em até 90% a sobrecarga de atendimentos no Nardini.

Para isso, a Prefeitura diz cumprir portaria do Ministério da Saúde que determina que cada UPA tenha dois clínicos gerais e dois pediatras de plantão. Mas o próprio poder municipal reconhece que faltam médicos na cidade. "É difícil contratar os profissionais, especialmente pediatras", explicou o secretário municipal da Saúde, Paulo Eugênio Pereira Júnior.

Segundo ele, a Prefeitura planeja completar o quadro com a ajuda da Faculdade de Medicina da Fundação ABC, que é responsável pela gestão hospitalar do Nardini. O déficit de profissionais não é revelado, mas o secretário destaca que o número de médicos da rede pública aumentou de 316, em 2009, para 536 neste ano.

"O valor do salário de um médico em Mauá não é ruim. É o padrão. São poucos os plantões em que faltam médicos", disse. O Diário informou ontem que apenas parte da equipe da nova UPA foi contratada. 
Pereira Júnior reconhece que a Pasta tem a expectativa de ampliar o número de profissionais se a demanda de atendimentos for alcançada, já que a UPA está em região central. "Vamos aguardar. Se necessário, certamente colocaremos mais médicos à disposição dos paicentes", prometeu.

Entre os atrativos destacados para atrair os profissionais está o aumento no repasse de verbas federais para as unidades. Mensalmente, serão R$ 300 mil para bancar o custo de cada UPA.




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