Diarinho Titulo Centenário
Animação brasileira festeja 100 anos
Por Luís Felipe Soares
Diário do Grande ABC
03/09/2017 | 07:00
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Criar histórias, cenários e personagens de todos os tipos de acordo com a imaginação. Essa é uma das possibilidades dentro do universo dos desenhos animados. A linguagem está em momento especial no Brasil, uma vez que a atual temporada marca o centenário da primeira animação feita no País. Entre a evolução de estilos e ideias ao longo do tempo, diferentes públicos acompanham novidades e continuam a buscar produções do passado, tudo espalhado por variados seguimentos.

O aniversário de 100 anos do primeiro desenho animado nacional foi celebrado em 22 de janeiro, data na qual o curta O Kaiser (1917) chegou aos cinemas – na verdade, ele pode ser considerado uma charge animada. Detalhe que não há cópias do filme original, mas existe recriação do material mostrada no documentário Luz, Anima, Ação (2013).

A obra é apenas o pontapé inicial de história onde a criatividade dos artistas tenta compensar a falta de recursos. Como resultado, temos disponível cardápio com opções para todos os gostos, com projetos como Peixonauta, Irmão do Jorel, Minhocas, o Filme, Bugigangue no Espaço, Até que a Sbórnia Nos Separe e diferentes vertentes da Turma da Mônica – sem contar produções internacionais comandadas por brasileiros, a exemplos de Rio (da Fox) e do curta Trabalho Interno (da Disney).

ESTUDO ­ O momento agitado do setor parece abrir espaço para futuros talentos. Ana Clara Araújo Dück, 13 anos, começou há poucos meses o curso de Animação 3D e Blender – esse último um programa de computador para criações diversas em três dimensões – na escola Happy Code, em São Caetano. Ela não sabia praticamente nada sobre a prática desse tipo de trabalho e, atualmente, desenvolve um robô junto com a professora.

“Desde pequena gosto de desenhar e meu sonho era fazer quadrinhos. Achei na internet o canal da Any Malu (www.youtube.com/O(sur)realmundodeAnyMalu), que é feito somente por animação. Me interessei pelo tema e as aulas têm sido muito legais”, diz ela, fã de material espalhado pelo YouTube, de atrações do Cartoon Network e da Pixar.

A menina não sabe o que deseja fazer com todo esse conhecimento no futuro e pretende deixar abertas as possibilidades dentro da linguagem. “Sou curiosa e saber como esse universo funciona é interessante. Tem coisas que são difíceis. Quem sabe, mais para frente posso fazer meu próprio desenho animado.”

Desventura de um gato azarado

Lino não tem tido sorte ao longo da vida. Desde pequeno lida com dificuldades nas pequenas coisas, seja para comer o lanche em paz ou para ver as fatias de pão voarem pela janela. A ideia de Lino, com estreia nacional nos cinemas na quinta-feira, é mostrar que o importante é seguir em frente diante das dificuldades.

Na vida adulta, tenta sobreviver trabalhando como animador de bufê vestindo estranha fantasia de gato. O jovem está disposto a acabar com a maré de azar e busca ajuda de forças sobrenaturais de Don Leon. Mas o ‘mago’ se atrapalha e lhe passa feitiço que, ao invés de trazer boa sorte, faz com que se transforme em um felino.

Entre os vários desafios para voltar à forma humana, Lino precisa sempre pensar positivo.

O KAISER (1917). O projeto experimental do cartunista Álvaro Marins (conhecido como Seth) é considerado a primeira animação produzida no Brasil;

EVOLUÇÃO. A estreia de animações brasileiras no formato de longa-metragem veio com Sinfonia Amazônica (1951), explorando história de lendas nacionais. Todas as obras foram feitas de maneira bem independente. A linguagem encontrou espaço no meio da publicidade e das propagandas. A chegada dos anos 1970 e 1980 marcou os passos iniciais da transição entre as animações em 2D com o uso de ferramentas tecnológicas;

A PRINCESA E O ROBÔ (1983). Segunda obra da Turma da Mônica para os cinemas marcou época e mostrou potencial nacional no setor;

ANOS 1990. Época marcada pela instalação e abertura de grandes produtoras do setor no País. É o surgimento de uma verdadeira geração brasileira de profisionais ligados à animação, todos apresentando trabalhos variados nas edições de estreia do Anima Mundi, considerado atualmente o maior festival do gênero da América Latina exibindo curtas, médias e longas-metragens;

CASSIOPEIA (1996). O desenho com robôs espaciais tem lugar na história como o primeiro longa-metragem do mundo feito totalmente em computador.

Consultoria de João Miguel Valencise, professor de Animação do CAV (Centro Audiovisual), de São Bernardo, e Roger Keese, roteirista chefe de Animação da Mauricio de Sousa Produções e Estricnina Desenhos Animados.

 

 




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