Encampadas por movimentos contrários ao impeachment da agora ex-presidente Dilma Rousseff (PT), as Diretas Já, que pedem a saída de Michel Temer (PMDB) da Presidência e realização de novas eleições presidenciais, começam a ganhar a adesão de grupos distantes do petismo. Em entrevista ao Diário, o vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), considerou válida a possibilidade de antecipação do pleito de 2018. “Seria ótimo”, avalia.

Presidente do PSB paulista, um dos partidos mais fiéis ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, Márcio não vê, entretanto, possibilidades reais de novas eleições serem convocadas. “Só existirão Diretas Já se o Michel renunciar ou se ele for cassado. Seria ótimo terem novas eleições, mas teriam de ocorrer até dezembro. Porque depois disso vai ser Indiretas Já. Aí ninguém vai aceitar que 600 caras decidam quem será o presidente da República. Aí seria o caos. O Michel, pelo menos, estava na urna, ele foi eleito junto com a Dilma. Todas as pessoas que votaram nela, votaram nele também”, ponderou o dirigente.

O artigo 81 da Constituição Federal de 1988 diz que a realização de novo pleito presidencial só ocorre em caso de vacância dos cargos de presidente e vice. O parágrafo primeiro cita ainda que, quando isso ocorre nos dois últimos anos do fim do mandato, a eleição é feita por meio do Congresso Nacional, ou seja, de forma indireta.

Tramita no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) processo que pede a cassação da chapa Dilma/Temer, baseado em acusações de supostas irregularidades cometidas no financiamento da campanha de 2014, mas ainda não há previsão de desfecho. Somado a isso, Temer também tenta separar o julgamento de suas contas, em vez de a chapa inteira ser investigada – também não há projeção se isso ocorrerá.

Secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Márcio França destaca a necessidade de o governo Temer implementar reformas para recuperar o crescimento do País, como alterações na Previdência, mas alerta para as dificuldades que o peemedebista terá. “Quando você não tem a legitimidade do voto é duro, quando você está legitimado pelo voto você se sente meio que um super-homem, mas quando não, fica parecendo kriptonita. Você entra num ambiente e a pessoa te olha e fala: ‘Eu não votei em você’. É mais difícil para aprovar as coisas. Mas o Michel é muito experiente, conhece o Parlamento, então sabe a hora certa.”