De um lado a tradicional Avenida Dom Pedro I. Do outro, a Avenida Capitão Mário Toledo de Camargo, importante via de acesso para a região central da cidade. Ao centro, um dos mais importantes cemitérios de Santo André. Vila Pires, um dos bairros mais tradicionais do município, além de abrigar pontos históricos reserva em suas ruas uma encantadora rota dos sabores.

É no cruzamento da Avenida Cap. Mário Toledo de Camargo com a Rua Xavantes que vive um dos ícones do bairro, o comerciante José Pedro, 75 anos. Natural de Alagoas, é na esquina do bairro que ele abrigou sua famosa barraca de frutas, ao lado de um famoso clube da cidade.

Desde os sete anos demonstra seu amor pelas frutas. “Naquela época não tínhamos muito emprego. Comecei ainda criança a vender limão na rua. Era algo barato e fácil de comercializar”, lembra com detalhes.

Até aos 17 anos foi vendendo frutas que o jovem comerciante conseguiu se manter em sua cidade natal. Sempre visando melhorar sua condição de vida foi nessa época que decidiu se arriscar em um novo lugar.

Pedro se recorda com carinho do Paraná, cidade onde seguiu trajetória. “Fiquei lá por cinco anos e comecei a criar minha família”, revela o comerciante, que tem dez filhos, sendo nove meninas e um menino.

Sem ter sucesso na cidade, decidiu buscar a sorte em Santo André, na Vila Pires, lugar onde está há 24 anos sobrevivendo com sua barraca de frutas.

Quem passa próximo ao Estádio Municipal Bruno José Daniel, com certeza, já se deparou com seu estabelecimento. “Como moro aqui dentro da barraca, fico aberto durante todo o dia, muitas pessoas acham isso interessante.”

Banana, mexerica, melancia, jaca, morango, uva. Para Pedro todas as frutas têm sua beleza natural. Mas, uma em especial chama sua atenção. “Minha favorita é a melancia. É rica em sabor e beleza.”

Atualmente cadeirante, o comerciante apresenta dificuldades para trabalhar. Mesmo assim, afirma não querer ficar parado. “Trabalhar é minha vida. Nunca tive chefe, sempre trabalhei por conta própria e vendendo frutas.”

Apesar de não querer parar de trabalhar, a crise tem prejudicado sua rotina profissional. “Antes todas as datas comemorativas eram boas. Natal, Ano-Novo, festa junina. Agora, todo ano venho sofrendo com a baixa procura por frutas.

Horta traz beleza rural para moradores e visitantes do bairro

Nada de churrascaria, padaria, muito menos, loja de doces. Que tal aderir ao cardápio saudável com diversas opções de verduras? É em horta localizada na Rua Chuí, esquina com a Rua Buri, que Miriane Gomes Barbosa, 34 anos, junto de seu marido e outra família cuida de plantio conhecido da Vila Pires.

Ex- atendente de casa noturna, Miriane encontrou no lugar uma terapia natural. “Fiquei muitos anos trabalhando no horário noturno, muitas vezes, 12 horas em pé com música alta e barulho. Aqui encontrei uma paz. É um silêncio e verde maravilhoso.”

A descoberta da paixão pela horta veio de forma inusitada. “Fiz uma visita com as crianças da igreja e me encantei pela horta. Na época falaram que estavam vendendo o lugar e junto com outras famílias compramos. Tivemos que apreender a fazer tudo”, relembra.

Com mais de 30 tipos de verdura, o local virou uma grande atração do bairro. “Muitos idosos vem aqui andar. Além disso, não usamos agrotóxico, um fato que atrai diversas pessoas, inclusive, aquelas que estão passando por tratamento de doenças como câncer e só podem ingerir frutas assim.”

Para Miriane, a horta além de servi como uma terapia, também ajudou para entender a beleza da natureza. “Tem verduras que plantamos sementes e viram alimentos com uma beleza sem tamanho.”

Atualmente, o local é responsável por abastecer diversos estabelecimentos do bairro, tais como: escolas, supermercado, restaurantes, padarias, dentre outros.

Adega atrai jovens com gosto gaúcho

Se de um lado temos os sabores da fruta, e do outro o cardápio saudável das verduras, que tal agora pensar num item primordial para essas noites frias do outono? É na adega localizada na Rua Vera Cruz, que moradores da Vila Pires degustam os mais variados rótulos de vinhos.

Após largar a área da indústria de pneus, foi na paixão dos vinhos que Alvino Lopes Silva, 65, encontrou uma nova forma de viver e atuar como empresário. “Na época encontrei esse lugar vendendo e decidi me aventurar nesse ramo.”

Atualmente, o local tem como carro-chefe vinhos vindo da serra gaúcha. Para ser mais preciso, da cidade Campestre da Serra, em Rio Grande do Sul. “A produção de lá é muita famosa nacionalmente.”

De acordo com Silva, a bebida encanta todos os públicos. “Não tem idade. O vinho de uns tempos para cá se tornou uma paixão nacional. As pessoas começaram apreciar mais a bebida. Aqui, por exemplo, ao mesmo tempo em que casais vem buscar vinho para tomar em casa, provavelmente, no jantar, temos jovens que aproveitam a noite para vim com os amigos tomar o vinho acompanhado de petiscos.”

Para o proprietário, o vinho tinto ainda é a primeira opção dos visitantes. “Não tem como. Ele é considerado por muitos o mais saboroso.