Política Titulo Braços cruzados
Maior da história, greve em São Bernardo chega ao 22º dia

Paralisação supera manifestação entre 1997 e 2000, registra duas propostas, dezenas de protestos e acampamento no Legislativo

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
03/06/2015 | 07:00
Compartilhar notícia
Andréa Iseki/DGABC


A greve dos servidores públicos de São Bernardo alcança hoje seu 22º dia, o maior período de braços cruzados da categoria na história, superando marca da paralisação realizada na segunda gestão de Mauricio Soares (PT), entre 1997 e 2000, quando funcionários protestaram por 21 dias consecutivos.

Sem perspectiva de rodada de negociações com o governo de Luiz Marinho (PT), servidores públicos iniciaram os protestos no dia 13. Desde então, duas propostas foram feitas pela administração – ambas rejeitadas pela categoria – e houve dezenas de paralisações nas principais ruas do Centro e acampamento de funcionários na Câmara.

O Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos) de São Bernardo estima que a greve atingiu ápice de 60% de adesão, há duas semanas. Com o desconto das horas paradas promovido pelo governo, o número de colaboradores dos protestos diminuiu – hoje está em 40%. São 20 mil servidores, sendo 13 mil ativos e 7.000 aposentados.

“Havia muita crítica ao sindicato por não fazer enfrentamento à gestão Marinho, mas é trabalho que leva tempo, de você conscientizar as bases sindicais. Acredito que essa greve, que já é histórica, vai trazer legado de mobilização e luta da categoria”, analisou o presidente do Sindserv, Giovani Chagas.

Curiosamente, a maior greve da história de São Bernardo acontece com um prefeito oriundo politicamente do meio sindical – Marinho foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da CUT (Central Única dos Trabalhadores) – e com partido sempre ligado ao sindicalismo – o PT foi construído dentro do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema.

Segundo Chagas, a estratégia do sindicato não foi politizar a greve, com objetivo de não dar argumento ao governo para fechar as portas da negociação. Entretanto, afirmou que a administração petista cometeu erros. “O principal foi não ter negociado no meio da data-base, como outras prefeituras fizeram. Se tivesse negociado, talvez a paralisação não se confirmasse”, disse. “Não há prazer em fazer greve, mas é instrumento legítimo da categoria para reivindicar seus direitos. Temos o direito desta luta e não vamos abrir mão disso.”

A última proposta de Marinho aos funcionários públicos foi de pagamento de abono em duas vezes – R$ 1.550 em junho e R$ 310 em dezembro – e reposição de dois anos de inflação (2015 e 2016), com inclusão dos servidores inativos. Mas com desconto das horas paradas. A sugestão foi rejeitada.

MANIFESTAÇÃO
Ontem, grevistas fizeram outro protesto na Avenida Lucas Nogueira Garcez pela manhã. Depois, permaneceram na Rede Fácil, central de atendimento da Prefeitura, localizada no Paço. O Sindserv estima que 2.000 pessoas participaram do ato.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;