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Decoro, senhores, decoro

Incitação ao racismo? Sim. Homofobia? Sim. Ofensa a pessoas de bem? Sim. O deputado federal Jair

Carlos Brickmann
30/03/2011 | 00:00
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Incitação ao racismo? Sim. Homofobia? Sim. Ofensa a pessoas de bem? Sim. O deputado federal Jair Bolsonaro, do PP fluminense, já tinha sido responsável por alguns desses malfeitos; agora, em rede nacional de TV, ampliou a gama de ofensas a parcelas ponderáveis da população. O deputado Jair Bolsonaro pode pensar o que quiser (como talvez exista quem ache que os problemas do mundo estariam resolvidos se todas as mulheres casassem virgens); mas incitar ao crime é outra coisa. A Câmara Federal, que o abriga, tem de cuidar do decoro parlamentar; do comportamento de seus integrantes. Tem de cuidar de Bolsonaro.

Jair Bolsonaro, falando ao programa CQC, da Rede Bandeirantes, disse que seus filhos "não correm o risco" de namorar uma mulher negra, "porque foram muito bem-educados"; também não correm o risco de "virar gays". Em seguida, fez uma acusação pesada à cantora Preta Gil (e aos artistas em geral): "Não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Os meus filhos foram muito bem-educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o seu".

O ambiente de Bolsonaro tem seus momentos de, digamos, leveza. Fotos em poder desta coluna mostram, por exemplo, que ele tem o hábito de se depilar. O caro leitor já imaginou o que alguém maldoso diria de macho que se depila?

Bolsonaro disse, em outra ocasião, que o pai cujo filho manifestar "tendências gays" deve espancá-lo, até que mude de ideia. Como ninguém se importou, voltou a propagar ideias desse tipo. Alô, Comissão de Ética! Vocês ainda existem?

O DEPILADO

Ninguém é obrigado a aprovar o comportamento dos outros. Ninguém é obrigado, seja por que motivo for, a gostar de alguém, mas é obrigado a respeitá-lo. Dizer que um rapaz não namoraria uma negra por ser bem-educado é desrespeitoso. Todos podem pensar o que quiserem, mas não precisam ser idiotas.

O HOMEM INVISÍVEL

No show de truculência proporcionado pela segurança de Barack Obama no Brasil, um ministro escapou ileso: Pedro Novaes, do Turismo. Ninguém o revistou. Explica-se: esqueceram de convidá-lo. Nem o governo lembrou dele. O caro leitor se lembra? É aquele que gastou um monte de verba pública no motel.

A BOLA ROLA

Atenção: uma lei que passou meio despercebida muda muito a relação entre jogadores de futebol, clubes e empresários, reforçando o poder dos clubes. Veja em www.brickmann.com.br o artigo do excelente portal jurídico Espaço Vital.

A PONTE QUE PARTIU

A notícia não foi publicada e a Infraero a nega. Mas Cláudio Humberto, um dos mais bem-informados colunistas do País (www.claudiohumberto.com.br), dá a informação - e ele merece crédito: "Após um estalo, a operadora da ponte de embarque do Terminal 1 do aeroporto de Guarulhos (SP) empurrou uma mãe e filha, salvando-as da tragédia: a geringonça, conhecida por finger, despencou, segundo testemunhas. E levou junto a porta do Boeing 777 da United. Ocorrido há um mês, o caso foi mantido sob sigilo e indica falta de manutenção na Infraero, que nega até o desabamento. Por sorte, ninguém se feriu. O prejuízo ficou com a United, cujo avião foi retido por três dias para consertar a porta e ainda voou aos Estados Unidos, vazio, para fazer manutenção".

GENRO? NÃO, UMA MÃE

Depois de passar toda a campanha eleitoral criticando os gastos da governadora Yeda Crusius, o novo governador Tarso Genro, do PT, já criou em três meses 500 novos empregos públicos no Rio Grande do Sul. Destes, 330 podem ser preenchidos sem concurso. A festa da companheirada gaúcha não é acompanhada pelo governo federal: a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, baixou portaria suspendendo a nomeação de novos funcionários já concursados e adiando a realização de novos concursos. Motivo: economia. Pelo jeito, o governo federal é mais pobre que o governo do Rio Grande do Sul.




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